Normalmente, os cunhenses se dirigiam até Paraty, Minas Gerais ou para cidades vizinhas para brincarem o carnaval. Somente em 1981, com a criação da “Escola de Samba Meninos Malucos”, iniciativa de um “maluco” Gilmar Querido, os foliões cunhenses começam a se envolver com mais interesse no carnaval de sua cidade. Apesar do crescente entusiasmo, alguns foliões e sambistas resolvem fundar, fora do e
squema “samba enredo, alegorias e destaques”, um bloco carnavalesco com o compromisso único de brincar o carnaval. Assim, num já longínquo 09 de fevereiro de 1983, um grupo e 21 amigos (Antônio, Augusto, Bira, Britão, Britinho, Celso Monteiro, Cláudio, Guto, Joãozinho Pudim, João Nilton, Zé Eduardo, Zé Macaco, Zé Márcio, Júnior do Leandro, Luiz Fernando, Maurício, Paulo Júnior, Roland, Sávio e Tuca) reunidos na Pizzaria da Piscina, após várias “cervas”, decidem que no carnaval daquele ano, Cunha conheceria um novo bloco carnavalesco. Nascia então o Bloco Pé de Cana! Os primeiros ensaios (assim como os que vieram acontecer nos anos seguintes) se realizaram na casa da “madrinha” Célia Cursino. O primeiro samba do Bloco, foi uma adaptação feliz de um samba-enredo de autores de Paraty, que agradou todo mundo pela melodia fácil e contagiante. E com instrumentos emprestados dos “Meninos Malucos”, uma corneta (eletrônica) cedida pelo vereador José Wadih e ligada em um fusca de Zé Eduardo o Bloco Pé de Cana fez sua estréia no carnaval cunhense, surpreendendo quem duvidava da animação esfuziante que tomou conta dos foliões. E tem sido assim desde então. Através de sambas, que ora exaltam as particularidades da “terrinha”, ora cantavam as meninas do lugar, o Bloco Pé de Cana contagiou como uma febre os entusiastas da festa de Rei Momo. Carnaval em Cunha passou a ser certeza de alegria e diversão. A “concentração” do Bloco, necessária para os componentes atingirem um “equilíbrio emocional”, ficou famosa tanto quanto as segundas-feiras, quando o Bloco Pé de Cana se transfigura no Bloco das Piranhas, criação do inesquecível Miguel da Sultana. Dessa maneira, ano após ano, o Bloco Pé de Cana tem proporcionado aos cunhenses e a centenas de turistas que visitam Cunha no carnaval, a oportunidade de participar de uma festa alegre, popular, cativante e animada. Uma festa que acontece na rua, onde o ingresso custa apenas a animação que o folião dispõe e, cuja maior virtude, é o sentimento de congraçamento e amizade que os componentes do Bloco fazem questão de irradiar. Hoje, o Bloco Pé de Cana é parte integrante da vida sócio-cultural de Cunha, estando também presente em outras atividades extracarnavalescas, procurando oferecer á sociedade Cunhense, principalmente, o exemplo de que com união, companheirismo e dedicação, é possível realizar um grande trabalho, exclusivamente para o bem estar da comunidade. Dessa maneira, contamos, todos nós, cunhenses e amigos, com a continuidade da alegria e do trabalho do Bloco Pé de Cana, que há muito deixou de ser apenas um bloco carnavalesco para se tornar uma idéia revestida de esperança de um mundo melhor. (Texto redigido em 31 de Janeiro de 1997 por ocasião do aniversário de 15 anos do Pé de Cana)
Adilson Galvão (O Poetinha)