30/10/2021
Perfeito
Eu devia ter uns 12 anos na época, estava lendo um dos livros que meu pai tinha espalhados pela casa e me deparei com uma palavra que não conhecia.
Naqueles tempos não havia Google e smartphones para pesquisar o significado, eu até tinha um dicionário próximo, mas adotei o caminho mais rápido:
“Pai, o que é taciturno?”, ele estava lendo um livro também, mas deu uma pausa e me respondeu na hora. Depois vieram várias outras do livro, “Pai, o que é liturgia?”, e ele sabia todas. Eu fiquei impressionado com aquilo. Num dado momento, larguei o livro e peguei o dicionário em busca de palavras que eu não conhecia, e também para testar as que ele sabia.
No final de uma rodada de perguntas, gabaritada por ele, meu pai baixou seu livro, me viu com o dicionário na mão e riu dizendo: “Seu homem de poucas letras, pare de me testar e vá ler um livro”. Foi o que eu fiz.
Não tenho ideia de quantos livros li desde então, mas creio que, na média, uns 2 por mês, ao longo dos últimos 20 anos. Lógico que é impossível reter todo o conteúdo, uns 85% dos detalhes escapam entre os dedos, mesmo com vários desses livros lidos mais de uma vez (quando gosto de um livro, acabo lendo novamente). Porém, os 15% que ficam na memória te deixam anos luz à frente de gente que só viu novela nesse meio tempo.
E se você tem dificuldade com leitura, use audiobooks, veja documentários, vá em palestras, busque conhecimento de outra forma. O importante é transformar o aprendizado num hábito.
Eu sei que está na moda fazer algo por 21 dias para transformar a prática num hábito, mas empiricamente não vejo dar certo. Na prática a teoria é outra. Para virar hábito mesmo, faça por, no mínimo, 1 ano, e aí a gente senta para conversar sobre hábitos.
De qualquer modo, tornando hábito ou não, os benefícios virão de todo modo. Primeiro de maneira mais tímida, depois um pouco mais evidentes por conta do efeito cumulativo e após alguns anos de forma desproporcional.