Seres vivos tem necessidades básicas. Seres humanos tem necessidades das mais diversas. Quando Nikolas e eu nos encontramos, percebemos quase imediatamente que nossa visão das coisas importantes da vida eram muito parecidas. Tínhamos, ambos, uma certa aversão a todos os clichês e ao “roteiro pronto” que nos entregam para ser vivido já quando nascemos. Você tem de crescer, estudar muito, se formar
na faculdade, namorar tempo o suficiente, fazer um grande casamento na igreja com muitos convidados, roupas e comidas caras, comprar uma casa, ter uns dois carros, depois ter sucesso profissional e estabilidade financeira, só então ter filhos, envelhecer ao lado da mesma pessoa e… Morrer. Tudo isso tem de acontecer. Sem sustos, de preferência. Nikolas e eu não curtíamos muito essa ideia. Não que ela não seja boa; só sabíamos que não nos faria feliz. Nós tínhamos outras necessidades. Antes mesmo de eu me formar, quando ainda estávamos namorando à distância, um belo dia começamos a conversar sobre a vida após minha formatura (=alforria). E sobre as coisas que queríamos e precisávamos fazer. E foi assim que resolvemos que não precisávamos gastar muito dinheiro num grande casamento tradicional, por exemplo, nem nos estabelecermos numa cidade para “construir a vida”… E sim investir tudo o que tínhamos numa baita viagem. Tínhamos necessidade de liberdade, de conhecer outros lugares, outras pessoas e de preencher mais a cabeça, não tanto o bolso. Casamos no salão de festas do nosso prédio, nossos trajes de noivos foram de lojas de departamento, estavam presentes umas 40 pessoas e duas belas chopeiras (mais caras do que os trajes, aliás – prioridades, né?). Desde então, tudo o que fazemos é pensando em tornar essa viagem realidade. E ver isso acontecendo tem sido maravilhoso!