31/03/2018
Você sabe como se originou a montagem dos tapetes de serragem na Semana Santa?
Cronistas do século XVIII e viajantes do século XIX registram, em suas páginas, a magnificência das festas religiosas em Ouro Preto. É da época do auge da extração do ouro na cidade o esplendor das festas religiosas, com cortejos solenes e suntuosos. Flores e folhagens preparavam o chão em que imagens sacras e o Santíssimo Sacramento passaria.
A capela original da Matriz do Pilar foi demolida em 1724 para a construção da atual igreja. Enquanto isso, o Santíssimo Sacramento foi levado para a Capela do Rosário dos Pretos, atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário, para que as missas e demais celebrações pudessem ser realizadas. Em 1733, quando boa parte das obras da Igreja do Pilar estavam prontas, o Santíssimo Sacramento foi preparado para voltar ao seu lugar de origem. Uma grande festa foi preparada: o Triunfo Eucarístico.
Triunfo Eucarístico é o nome de um opúsculo publicado em Lisboa em 1734, por Simão Ferreira Machado. Ele descreve a festa que acontecera um ano antes, em 24 de maio de 1733, em Ouro Preto, e que marcou a inauguração da Matriz do Pilar. Na época, havia ainda a abundância de ouro na cidade e a Igreja viu mais uma oportunidade de se firmar frente à população, com um espetáculo de muito esplendor. Na procissão do Triunfo, junto aos sacerdotes, seguiam os fiéis pertencentes a irmandades da cidade, todos com trajes de gala.
As ruas entre a Igreja do Rosário e a Matriz do Pilar foram cobertas de flores e folhagens, enquanto as janelas das casas receberam sedas e tecidos adamascados, além de adornos de ouro e de prata.
Em 1963, quando Nossa Senhora do Pilar foi escolhida a Padroeira de Ouro Preto, os tapetes voltaram a ser feitos. A população abraçou o ato e os tapetes passaram a ser confeccionados anualmente, na noite do Sábado Santo, para a procissão do Domingo da Ressurreição. Atualmente, eles são feitos de serragem tingida, que é distribuída pela prefeitura de Ouro Preto ao longo do trajeto da Procissão da Ressurreição. Também são utilizados ciprestes, farinha de trigo, pó de café, palha de arroz, couro e cal. A tradição se mantém durante a Semana Santa, em que se pode ver Ouro Preto em pleno estado de graça, celebrando com dramaticidade barroca, arte e criatividade o principal feriado religioso do Brasil.
Converso Comunicação - Ouro Preto