26/08/2021
TBT AMSTERDAM
Esta viagem começou no Porto, mais precisamente em Vila Nova de Gaia. Necessitávamos, naquela época, 1988, de visto para entrar na França. O consulado francês em Lisboa nos faria exigências impossíveis, como passagem de volta ao Brasil, que não tínhamos. Razão porque pensamos que na cidade do Porto, cidade ao norte, poderíamos alcançar nosso intento. Bingo ! Visto obtido com sucesso. Na verdade, Paris era rota de passagem terrestre para o almejado destino, Amsterdam ! Aproveitamos 2 dias na capital francesa, e, de lambuja, assistir ao Grande Mestre Musical Hermeto Pascoal......e Banda. Sim, e que Bandão! Poxa, mas voltando a Portugal, não poderia deixar de relatar que nossa saída se deu de carona em caminhões lotados de vinho do Porto que seriam exportados à França. O Pedro, português, embarcou num caminhão, eu em outro. Nos encontraríamos no destino. Leandro voou até Amsterdam, já que estaria com seus pais que foram do Brasil a visitá-lo. Pedro era um gajo de bons contatos. Essa manobra, da carona, foi conseguida por ele, que tinha um amigo exportador em Gaia. E lá fomos nós, 48 horas na cabine de um caminhão com um motorista francês. Que só falava francês. Eu? Bom, tive que me virar 🙃 com os meus 6 meses de Aliança Francesa........Carregávamos 20 toneladas de vinho do Porto nas costas. E nenhum cálice 🙏à disposição. Que dor!
A viagem Paris – Amsterdam foi de comboio. Na capital holandesa teríamos guarida num casarão – na foto, já desocupado, em processo de reconstrução para um empreendimento imobiliário -, no centro da cidade. Administrado por uma holandesa, a Lili, que dividia os enormes cômodos com ingleses, brasileiro, argentino e nós 3, que ali chegávamos, graças a quem ? Sim, sempre ele, Pedro, o portuga cavaquinista, e sua rede de relacionamentos pela Europa. Em um tempo sem internet. Detalhe importante, esse casarão era um Squat. E o que é um squat? Basicamente, local que pode ser uma casa, um prédio, um porto, público ou privado, desocupado. Tradição na Inglaterra, Países Baixos e Alemanha, teve início na década de 60 com movimentos anarquistas, de esquerda e da contracultura os quais foram os protagonistas de invasões de locais desabitados para exercer o direito de moradia. E resistir à gentrificação. No casarão em que estávamos, Lili, holandesa foi a que exerceu a liderança de ocupação do imóvel. Não pagávamos absolutamente nada, exceto eletricidade e água, para estarmos na área central de uma das principais capitais do Velho Mundo, 😊! Ao lado de nosso casarão, tínhamos a vizinha Igreja Paradiso, que se tornara uma Casa de Eventos musicais. Também nos moldes de ocupação, já que tinha sido abandonada em 1967 e transformada em ambiente cultural. Aí, tive o privilégio de assistir à Leny Andrade! Grande cantora do Samba Jazz, a carioca esteve em Amsterdam para se apresentar uma noite. Antes disso, porém, tirei fotos do ensaio que me renderam convite para o show . E que show, fellas!!!
Mas tocar na rua não era tarefa muito fácil por aí, não. Por isso, vendi quadrinhos de parede na calçada, por exemplo. Descobri, também, que seria possível trabalhar em um Porto, no interior do país, mesmo sendo estrangeiro. Não, não era o Porto de Roterdão. Era um menor, a 150 km. Trajeto que eu e outros 2 gaúchos, fazíamos de bicicleta, sem marcha. Pedal raiz. O legal nessa história, é que percorríamos todo o trajeto dentro de uma ciclovia! Chegávamos à noite, dormíamos no Porto ( certa noite tentamos dormir em uma praça com os sleeping bags, mas, ao invés disso, fomos dar explicações, um longo tempo dentro de uma delegacia, sobre o que lá fazíamos), para habilitar-nos a uma concorrida vaga de descarregador de caixas de peixe de uma embarcação. Conselho : nunca descarregue caixa de peixe com Tênis Topper. Peixes vêm encaixotados dentro de um frigorífico..... Da marca Topper eu jamais vou esquecer.......Imaginem o perrengue que passei lá dentro....De qualquer maneira, de tempos em tempos, tínhamos esta opção de trampo. De conseguir uma grana.
Amsterdam é realmente uma cidade fascinante. Canais, barcos, museus, tulipas, coffee shops, praças, tudo isso no meio de muita bicicleta! É preciso ter cuidado com as ciclofaixas. Muitas vezes ela se confunde com a calçada! Não pague um mico ! Olha pros lados!
Depois de 90 dias, Islândia na mira........