Especializada em grupos para o exterior
09/02/2025
Infelizmente temos que postar isto para que todos saibam a verdadeira história do que está acontecendo.
Texto perfeito. Dedico a todos os meus amigos não judeus que juram que teriam escondido Anne Frank, mas hoje permanecem calados.
Dia 491
Eu simplesmente não entendo.
Eu vi tantas declarações de que é hora de agir como os "bons alemães" agiram na década de 1930. Vejo tantas afirmações orgulhosas dizendo "Eu teria escondido Anne Frank".
Embora eu esteja bem ciente das boas intenções por trás dessas declarações e afirmações, e embora seja provável que eu esteja igualmente horrorizado pelo mal desenfreado que estamos testemunhando, tenho que responder a essas declarações perguntando:
Você tem certeza disso?
Hoje, testemunhamos a coisa mais próxima do Holocausto real que vimos em oitenta anos.
Vimos três homens aparentemente saudáveis e vibrantes que agora parecem fantasmas de si mesmos desfilando em um palco, embora mal conseguissem ficar de pé, e então forçados a agradecer publicamente ao mais monstruoso dos demônios, sob a mira de uma arma, pelo cuidado que receberam.
Após 491 dias, esses seres humanos perderam 30% do peso corporal. Nem vou tentar descrever a cor deles, ou a falta de luz em seus olhos.
Não há palavras.
Eli Sharabi foi forçado a dizer que estava muito feliz por retornar para sua esposa e filhas.
Os terroristas sabiam muito bem que sua esposa Lianne e duas filhas, Noiya e Yahel, foram mortas em 7 de outubro. Seus corpos carbonizados foram encontrados abraçados.
Seu cachorro também foi assassinado.
O próprio Eli não sabia. A primeira pergunta que ele fez ao retornar ao solo israelense foi "Onde elas estão?"
Or Levy não sabia que sua esposa, Einav, foi assassinada em 7 de outubro. Ele descobriu durante seu reencontro com sua mãe. Almog, seu filho de três anos, disse a ele: "Pai, demorou muito para você voltar para casa."
Gadi Moses, o produtor de batatas de oitenta anos que foi libertado há pouco mais de uma semana após quase 500 dias sem seus óculos, aparelhos auditivos ou medicamentos, lutou para passar por um enxame de terroristas armados até os veículos da Cruz Vermelha apenas para descobrir que sua esposa, Efrat, havia falecido e que o destino de sua filha, Moran, ainda é desconhecido.
Yarden Bibas, libertado na semana passada após passar um tempo chocante em uma gaiola de verdade, ainda está esperando para saber sobre o destino de sua esposa, Shiri, seu filho de cinco anos, Ariel, e seu filho de dois anos, Kfir. Os pais de Shiri foram assassinados em 7 de outubro. Assim como Tonto, o cachorro da família.
Arbel Yehud, depois de ser mantida em confinamento solitário por 482 dias, foi mantida no subsolo com quase nenhuma comida. Após sua libertação, que foi provavelmente a primeira vez que ela viu a luz do dia em quase dezesseis meses, ela foi arrastada por um mar de terroristas armados. Seu noivo, Ariel, e seu irmão, David, ainda estão em cativeiro. Em junho passado, seu irmão Dolev foi declarado morto.
Eu poderia continuar. E continuar.
Acredite em mim, eu vou.
Mas por enquanto, vou deixar assim:
Eu já estava chateado ao ver as pessoas usarem Anne Frank para falar por todos, exceto pelos judeus, e não dizer nada quando estátuas dela estavam sendo vandalizadas em todos os lugares.
Eu já estava chateado com as comparações nazistas quando não vi nenhuma indignação de nenhum amigo não judeu sobre os símbolos e saudações nazistas reais nos campi universitários e nas ruas de Nova York. Na verdade, não apenas em Nova York, mas em todo o mundo.
Eu já estava chateado quando nenhuma organização feminista perdeu a cabeça quando Amit Soussana, depois de detalhar a tortura sexual brutal, passou a descrever como foi amarrada como um "frango na grelha e depois pendurada de cabeça para baixo e espancado com varas.
E então hoje, vimos o que vimos.
As imagens me deixaram tão doente que tive que me esforçar para não vomitar.
Não por causa das imagens em si.
Estudei história do Holocausto na Universidade Hebraica de Jerusalém. Já estive em dez campos de concentração. Aprendi a lidar com muita coisa.
Sinto-me doente porque sei que grande parte do mundo permanecerá em silêncio ou deliberadamente ignorante. Grande parte do mundo poderá olhar para imagens de terroristas camuflados, com os rostos cobertos, os braços segurando armas e câmeras caras (e por caras quero dizer mais de $30.000) nos rostos de reféns que mal conseguem ficar de pé, e chamá-los de "combatentes da liberdade" em vez de compará-los aos nazistas.
E sim. A última frase foi muito difícil de digitar. Não posso jurar que nunca aconteceu, mas não tenho nenhuma lembrança de ouvir qualquer judeu comparar algo ao Holocausto. Posso jurar que nunca fiz isso sozinho. (Embora eu tenha dito algo recentemente sobre como o Hamas operando reféns femininas sem nenhuma razão clara e sem anestesia estava começando a soar um pouco como histórias sobre o Dr. Mengele. Mas mesmo assim, eu não comparei diretamente.)
Até esta semana, quando ouvi uma especialista em trauma israelense, que por acaso é filha de um sobrevivente do Holocausto, dizer que pela primeira vez, o tabu israelense sobre comparações com o Holocausto está começando a desaparecer.
Esta noite, enquanto estou sentado em frente à minha TV, estou ouvindo repórteres israelenses dizerem a mesma coisa. Alguns deles estão à beira das lágrimas.
Então, voltando ao meu ponto original.
Há muitas pessoas com quem precisamos nos posicionar agora e falar. Reconheço aqueles que estão sofrendo de maneiras que não consigo nem imaginar. Estou com medo e indignado.
Mas mesmo depois de 491 dias desta guerra (e duas viagens a Gaza) e mais de doze anos desde a primeira guerra que vivi, nunca comparei o sofrimento judaico de hoje ao Holocausto. Direi novamente. Não faço essas comparações sobre ninguém ou qualquer situação.
Pelo menos não fiz até hoje.
Quanto a você? Diga o que quiser. Faça suas comparações. Não posso impedi-lo.
Mas direi que se você usar nossa história e nosso trauma geracional e coletivo para falar pelos outros, mas permanecer em silêncio sobre o sofrimento dos judeus não apenas em Israel, mas em todo o mundo, não acreditarei em você quando declarar que teria escondido Anne Frank ou alegar que teria sido um "bom alemão".
Melina Kantor
