30/11/2023
Olá meus amigos e minhas amigas!
Hoje trouxe um rabisco da moemória de um das minhas matriarcas.
DONA JULITA (VÓ) era a mãe do meu pai e me criei diante dos teus olhos até ser "de maior". Era devota benzedeira, erveira, costureira, tapeteira tradicional. Hoje lhe presto esta singela homenagem. Pax Vosbiscum
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DONA JULITA (Vó)
Autor: Monsyerrá Batista
A matriarca, grande benzedeira
Cabelos longos, lisos, grisalhos
A Maria da sabedoria e da fé
No coração acolhia toda a gente
Calada, contida, brava, veiaca
Contava estórias do tempo do onça
Não teve leitura, nem mágoa
Na mão que benzia pendurava o terço
Na outra, o ramo de arruda do quintal
No oratório de devoção a vela acesa
No quarto ajeitava a bainha do punhal
Casou, viuvou nova. Lutou a vida toda
Era misteriosa como a linha do tear
Fazia tapetes de retalhos, costurava
Ouvindo moda e missa no rádio
Afagava quem era de afago
Amiúde bebia uns goles "praguentá"
Mas escondido, "sem ninguém vê"
Ela era a monja do porão do prédio
Onde eu fazia minhas pipas no quintal
Seu café era famoso. Ela fazia comida
Quase sem sal, temperada com ervas
A carne, o feijão nunca mais comi igual
Fui a luz daqueles olhos de jade
Mulher de personalidade forte
Que turvava logo o semblante
Ao primeiro sinal de maldade.
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Crédito de imagem: Autoria desconhecida da internet
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