06/10/2014
"Defina lento. Já foi o tempo em que a palavra era apenas o antônimo de apressado, sinônimo de vagaroso. Slow, hoje, é um conceito de vida. No livro Devagar (2005, Editora Record), o escocês Carl Honoré maldiz a cultura da velocidade, que nasceu durante a Revolução Industrial, cresceu alimentada pela urbanização e a tecnologia e hoje faz milhares de vítimas aceleradas. Honoré relata sua experiência de meditação, fala da importância do silêncio e de se afastar de estímulos que nos mantêm plugados: TV, rádio, internet, celulares etc. Mas foi essa mesma sociedade da correria que gerou fruto interessante: a revolução Devagar. Desacelerar é o slogan de quem defende calma, paciência, reflexão. E traz também embutidas questões políticas, como no caso do slow food, que sugere trabalhar com produtores locais, pagar preço justo para que as pessoas tenham condições dignas de trabalho..."
Na mesma raia, que propõe questões políticas e a “luta” contra os bits acelerados, corre o slow cinema, que ganha mostra instigante em Belo Horizonte, a partir de terça-feira. A Fluxus Slow Cinema exibe no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia três filmes de grandes expoentes do cinema atual: o chinês Zhengfan Yang, que estreou o longa em exibição, Distante (88min), no Festival de Locarno do ano passado; o malaio Tsai Ming-Liang, vencedor de Leão de Ouro em Veneza e do Urso de Prata em Berlim, de quem será apresentado Jornada ao Oeste (56min); e o húngaro Benedek Fliegauf, vencedor em Locarno e em Berlim, que chega aqui com seu terceiro longa, Via Láctea. A mostra é realizada pela produtora mineira Zeta Filmes até 9 de novembro e a entrada é franca.
(Gracie Santos, Em Cultura, Estados De Minas).