21/01/2022
«Putas Marias da Fonte
Voltai outra vêz à roca,
Limpai o cû ós Mijados,
Mettei um c***o na boca.»
(…)
Sabias que esta quadra “poética” foi escrita por José Joaquim Ferreira de Mello e Andrade (o Administrador do Concelho da Póvoa de Lanhoso, afastado na sequência das lutas das mulheres na Revolução da “Maria da Fonte”, na primavera de 1846), ainda antes do termo da Patuleia, a 10 de Junho de 1847?
É verdade!
Pela leitura da quadra transcrita, claramente se percebe a desilusão e frustração pelo resultado determinado pela ação iniciada pelas mulheres da Póvoa de Lanhoso, que apenas culmina na Revolução a que se segue a guerra civil da Patuleia!
No "poema" (que está transcrito na íntegra em bibliografia já enunciada), onde se revela e confessa desiludido da política, o autor dispara em todas as direções; “Migueis” (defensores da monarquia absoluta, ainda personif**ada na figura de D. Miguel) e “Mijados” (ou “setembristas”, defensores da Constituição de Setembro de 1836)...
A “Maria da Fonte” tinha conseguido, pelo menos alguns dos seus objetivos (a julgar pela forma como o Administrador do concelho sente as suas consequências).
O autor, em face do seu imposto afastamento da ribalta política (local), revela-se em absoluto em face dos resultados e das consequências … com um “lapidar”:
“Obra de Putas, não vinga”!
José Joaquim Ferreira de Mello e Andrade, que ainda tentará voltar a um trajeto que vinha trilhando, já não será o mesmo, acabando por se resignar… embora se mantenha muito ativo na história política e social da Póvoa de Lanhoso.
Convém recordar, sublinhando, que o autor é o personagem que faz convergir contra si toda uma população que discorda em absoluto da protagonização de um cargo de nomeação, interpretando políticas, representando o Governo da Nação!