20/11/2022
Manoel Vicente Alves, “doutor Jacarandá”
Você conhece o “doutor Jacarandá”? Foi com esse apelido que o advogado Manoel Vicente Alves ficou conhecido no Rio de Janeiro durante as primeiras décadas do século XX. Natural de Palmeira dos Índios, no agreste alagoano, Manoel Vicente nasceu no dia 25 de abril de 1869, filho de Maria Rita da Costa e de Antônio Vieira Alves. Viveu em Alagoas até o início da idade adulta, onde frequentou a escola e aprendeu a ler e a escrever. Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital federal, em 1894, cinco anos depois de proclamada a República e a seis anos de distância da abolição da escravidão.
Na capital, Manoel Vicente trabalhou em diversos ofícios braçais, mas em pouco tempo, por sua capacidade e articulação, conseguiu se beneficiar de seu letramento para exercer a atividade de “solicitador judicial” – função de um auxiliar de advogado, habilitado legalmente para postular em juízo e para movimentar processos judiciais. Por causa de um dispositivo da Constituição de 1891, não era exigido diploma de bacharel em Direito para exercer a atividade jurídica. Isso dava lastro à atuação de rábulas e de advogados, como Luiz Gama, que sedimentaram espaço na esfera jurídica brasileira possibilitando posteriormente trajetórias de pessoas como Manoel Vicente na Primeira República.
A alcunha de “doutor Jacarandá” surgiu em uma entrevista concedida por Manoel Vicente para o jornal A Noite em 1916. Na ocasião, ele se queixava de ser alvo de ofensas de moradores da rua do Lavradio. No entanto, a matéria jornalística adotou outro viés na tentativa de expor e ridicularizar Manoel, por sua condição de homem negro e pelo fato de o advogado não se comunicar conforme a norma culta da língua portuguesa.
A fotografia de Manoel Vicente Alves publicada neste post está na galeria do Arquivo Nacional na Wikimedia Commons. A disponibilização de itens do acervo nesta plataforma é resultado da parceria entre o Arquivo Nacional e a Wikimedia Foundation e tem como objetivo estimular a utilização dessas imagens para fins educativos e culturais.
Na imagem, Manoel Vicente Alves, sem data. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_26610_001