17/03/2015
A freguesia de Sobral S. Miguel, com uma área de 23,94 Km2, situa-se no sudoeste do concelho da Covilhã. Para além da sede de freguesia, que dista cerca de 40 km da sede do concelho, anexa ainda o lugar de Pereiro.
Sobral de São Miguel é um povoado muito antigo, sendo que o primeiro documento que se lhe refere e que se conhece, é um apontamento dos inquiridores de D. Dinis, datado de 1284. Posteriormente e até 1970, a freguesia era denominada por Sobral de Casegas, uma vez que pertenceu até 1888 à freguesia de Casegas, tornando-se então independente a nível administrativo. A pedido dos sobralenses passou a designar-se Sobral de São Miguel (orago da freguesia), - pelo decreto-lei nº 69/70 de 27 de Fevereiro.
A freguesia localiza-se numa área muito montanhosa, onde sobressai o Gondufo (localmente designado por Cabeço d’A Nave), um dos cumes mais imponentes da Serra do Açor, com 1243m de altitude. A partir desta Serra desenvolvem-se outras elevações de menor altitude, com uma exposição NW-SE, separadas por pequenos cursos de água, de entre os quais se destaca a Ribeira de Porsim. É neste afluente do Rio Zêzere, a cerca de 600m de altitude, que se localiza a aldeia de Sobral de S. Miguel.
A Serra do Açor constitui uma importante barreira que protege a freguesia das correntes de ar marítimo provenientes do Atlântico, apesar dos ventos de Noroeste serem uma constante nos locais de maior altitude. Por outro lado, a preponderância das vertentes expostas a sudeste, faz com que a vegetação local apresente uma mistura interessante de espécies de influência atlântica e mediterrânica. Assim, para além do pinheiro bravo, que predomina na região, podemos encontrar algumas áreas onde dominam espécies como o medronheiro ou o sobreiro (o termo “Sobral” deriva do latim Suberale, que tinha o significado de terreno onde crescem sobreiros).
Do ponto de vista litológico, a área da freguesia insere-se na grande mancha do complexo xisto-gresoso das Beiras. Os xistos e grauvaques são as formações rochosas que dominam a área, onde espontaneamente podemos encontrar alguns filões quartzíticos.
Dada a sua posição periférica e o forte potencial ao nível dos recursos naturais, Sobral de S. Miguel sempre foi uma freguesia rural, que chegou a contar com mais de 1400 habitantes em 1960, alguns dos quais trabalhadores das minas da panasqueira. Nesse período a economia local assentava na agricultura de subsistência, na pastorícia (sobretudo gado caprino) e na produção de carvão.
Atualmente, a freguesia apresenta cerca de 400 habitantes (418 segundo os Censos de 2011), correspondendo a uma estrutura etária bastante envelhecida.
A atividade económica local continua a ser dominada pela exploração dos recursos naturais, sendo que para além da agricultura e da pastorícia, destacam-se a construção civil e a exploração de xisto. Na aldeia existem duas pedreiras de xisto, que vendem ardósia e xisto para o mercado nacional e internacional.
Integrada na rede das Aldeias de Xisto desde 2010 (4ª geração), a freguesia apresenta vários pontos de interesse. A aldeia de Sobral de São Miguel, sobretudo o seu núcleo mais antigo, situado nas margens da Ribeira de Porsim, apresenta-se aos visitantes como um anfiteatro de casas em xisto, com telhados em ardósia, servidas por ruas e escadarias que formam um interessante conjunto arquitetónico. A Casa Museu João dos Santos (onde atualmente se localiza a sede da Junta de Freguesia) e a Residência Paroquial, também merecem destaque. A piscina fluvial, os açudes, as pontes, os moinhos e o lagar são elementos muito bem integrados na paisagem onde o xisto é a marca dominante.
Para os visitantes que preferem o desporto e a aventura, as imediações da aldeia apresentam vários pontos de interesse de entre os quais se destaca a cascata do Vale das Vacas, eleita como uma das cinco “Belezas Naturais” do Concelho em 2010