BELO HORIZONTE
Na origem de toda cidade existe um sonho. Deixando para trás o que têm, aventureiros que partem para fazer a vida em um local desconhecido carregam consigo apenas a esperança de dias melhores. Misterioso, ele desafia o homem, ao mesmo tempo prometendo prosperidade e ameaçando com incertezas e dificuldades. A história de Belo Horizonte não é diferente. Planejada para ser a capital de
Minas Gerais, a cidade surgiu num período marcado por muitas transformações. A Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, os progressos da ciência e da indústria se espalhavam no ar uma onda de otimismo, fazendo com que se acreditasse possível construir uma sociedade perfeita. Imigrantes estrangeiros, mineiros do interior e gente de todas as partes do país vieram para cá. Buscavam empregos, melhores oportunidades de vida e, sobretudo, a modernidade. Esses bravos sonhadores ergueram a Nova Capital. Hoje, passados cem anos, aquela aventura tornou-se memória. Os sonhos dos pioneiros deram lugar à realidade. Nem tudo saiu como planejado. Desde cedo, Belo Horizonte enfrentou problemas e logo constatou que a perfeição era inalcançável. A capital desenhada por técnicos e engenheiros, estudada e planejada com rigor científico era um cidade habitada - mais do que o traçado de suas ruas, mais que de prédios construídos, a cidade é feita de pessoas. E é no movimento diário dessa gente, no trabalho, nas escolas, nas lutas do dia-a-dia que ela ganha vida. Nenhum plano, por mais rigoroso que fosse, seria capaz de torná-la perfeita. Mas, certamente, são as ações de cada um de seus cidadãos que podem fazer da cidade um lugar mais humano, mais justo e melhor de se viver. Esta é, precisamente, a maior lição que nos ensina a história de Belo Horizonte.