Aparecida Tur

29/04/2024

24/04/2024

15/02/2024

As cinzas da “Quarta Feira de Cinzas”

Eu estava longe e já era hora de voltar. Voltar para casa.
Naquela cidadezinha tão pequena, havia uma pequena igreja de São Francisco de Assis.
Às 7:00 hs da manhã, quarta-feira de cinzas, a igreja estava lotada. Sentado, num cantinho, no fundo da igreja, único lugar livre, que encontrei. Dali, participei da missa. Dali, no final da missa, vi os fiéis, em fila, caminhando piedosamente em direção do padre, para receber as cinzas. Mesmo apesar da minha pouca audição, eu escutava a voz do celebrante: “Tu és pó, e ao pó retornarás”. Que coisa triste, eu pensei.
Naquela movimentação toda na igreja, o pessoal recebendo as cinzas na cabeça e saindo pela porta lateral, sobrou lugares nos bancos. Procurei um banco, mais na frente e lá me assentei.
Depois daquela fala do padre: “Tu és pó, e ao pó retornarás”. Pensei comigo: não vou receber essa cinza, nada.
A fila acabou, a igreja esvaziou. Só ficou uma pessoa na igreja, eu. O padre, lá na frente, com a vazilhinha de cinzas, nas mãos, perguntou para mim. – Você não vai receber as cinzas? Eu, meio sem jeito, fui. Com um punhadinho de cinzas traçou uma cruz na minha testa. Logo em seguida, perguntou:
- Você não é daqui?
- Não. Estou de passagem.
- De passagem! Todos nós estamos de passagem. Somos apenas pó.
- Mas antes de seguir minha viagem de volta, gostaria que o senhor me desse uma bênção.
Colocou na mesinha a vasilha com as cinzas e com as duas mãos estendidas sobre minha cabeça, rezou assim: - Por onde fores e por onde andares, leve o bem. Que seus passos sejam de bondade. Que suas palavras sejam de ânimo. Que seu olhar seja de vida. Volte para sua casa em paz. Que São Francisco, nosso pai, te acompanhe. Amém!

JP
15.02.2024 (quinta-feira de cinzas, digo, de chuvas)