27/09/2016
EDIÇÃO DE SETEMBRO - MONTE RORAIMA
Uma das mais belas e instigantes paisagens do mundo, o Monte Roraima - uma gigantesca chapada com paredões íngremes de arenito rajado de mais de 500 metros de altura - f**a na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Por suas características singulares, o monte atrai aventureiros de toda parte, em busca de trilhas que levam ao topo da montanha, a 2.739 metros de altitude, em meio a Grande Savana Venezuelana e o Parque Nacional do Monte Roraima. Geologicamente, estima-se que a região tenha se erguido há mais de 2 bilhões de anos, quando a América do Sul e a África ainda estavam ligadas e formavam o supercontinente chamado de Gondwana. O cenário inclui espécies endêmicas (que se desenvolvem em regiões restritas),paredões, formações rochosas de milhões de anos e cristais que inspiraram lendas indígenas e dão um tom ainda mais enigmático ao lugar. Todo cercado pela maior floresta tropical do planeta, a Floresta Amazônica, da qual o Roraima emerge, desafiador e imponente, qual falésias em uma ilha cercada por águas verdes. Quase sempre encoberto pela neblina, o topo é constantemente açoitado por vendavais.
Cristais, misticismo e magia
Chegando ao topo, o cenário é arrebatador. A sensação é de que voltamos à pré-história, há 200 milhões de anos. Por onde se olha, surgem labirintos e esculturas nas rochas, formando obras de arte gigantes, esculpidas pela natureza e emolduradas por riachos, piscinas naturais e plantas exóticas, além de colunas de pedras, com pouco mais de 1 m de altura, cavernas, grutas, túneis, tudo formado pela água e pelos ventos.
Não existe estrutura de hospedagem lá em cima, o banheiro é improvisado e é preciso buscar um local protegido para armar as barracas, por isso é importante a companhia de um guia. Mais que uma responsabilidade, não gerar poluição é uma regra. Os banhos podem ser nos riachos, cachoeiras ou nas surpreendentes "whirlpool bath naturais" formadas pelas águas das chuvas. O Vale dos Cristais é outro capítulo à parte. Estudiosos de esoterismo afirmam que as pedras que brotam das rochas possuem força mágica, e que o Monte Roraima possui um mundo subterrâneo. Para os geólogos, é um laboratório a céu aberto.
Visitas controladas
Para quem vem de outras regiões do país, o ponto de partida para a expedição é a capital, Boa Vista, uma vez que é a cidade com melhor infraestrutura das proximidades. De lá, é preciso percorrer cerca de 300 km, uma viagem de três horas de carro, até a fronteira com a Venezuela, de onde partem as expedições rumo ao monte. Para chegar até o topo, são necessários, no mínimo, de três a quatro dias de caminhada em trilhas repletas de rios e cachoeiras. É aconselhável contratar um guia ou agência especializada antes de chegar ao local, pois a maioria das empresas que promovem o passeio exige um número mínimo de pessoas para fazer o trekking. Outra dica importante é avaliar, antes, se os prestadores de serviço estão registrados no cadastro do Ministério do Turismo (Cadastur). Como a visitação é controlada, é importante checar a disponibilidade do passeio com antecedência.
Desafiando o próprio tempo
O primeiro brasileiro a alcançar o cume foi o Mal. Cândido Rondon, em 1927, quando ali fincou a pedra que demarca a tríplice fronteira. Mas a montanha permaneceu um desafio para os escaladores por mais um século. Somente nos anos 1970, uma equipe inglesa conseguiu chegar ao topo pela parede, o que foi repetido apenas duas vezes, por equipes americanas. Em 1991, um grupo brasileiro também conseguiu chegar, mas pelo lado nacional, onde a parede é bem mais baixa. Em janeiro, um trio de escaladores brasileiros liderados pelo paulista Eliseu Frechou (foto), 41 anos, 26 deles dedicados à escalada em rocha, conquistou a face mais desafiadora do Roraima. Eles permaneceram 12 dias enganchados na parede do Roraima até atingir o topo, em 22 de janeiro. Foram 650 m de ascensão, sendo 500 m de rocha vertical.
A vida por uma corda...
“A montanha é mágica”, resume Frechou. Ele e amigos embarcaram num helicóptero Long Ranger na cidadezinha venezuelana de Santa Elena de Uairén. Após uma hora de voo e 130 km de floresta, já no território da ex-Guiana Inglesa, o helicóptero atingiu a base do maciço rochoso. O piloto, venezuelano, flanqueou a falésia à procura de uma clareira. Não havia. Avistou uma brecha na mata e gritou: “É aqui. Pulem que daqui eu não passo”. Os brasileiros jogaram 170 kg de equipamento, e saltaram. “A gente resolve a vida assim, em 30 segundos. O caminho é sem volta”, disse o piloto. Em 2008, a equipe decolou num helicóptero de Boa Vista, em Roraima, mas não conseguiu pousar, o piloto deu pra traz; “a montanha é assustadora, sempre coberta de nuvens. Estamos na linha do Equador, tudo em volta é tropical, mas o Roraima está sempre frio e com chuva”. Ele disse que a decisão de voar até a montanha pela Venezuela e escalar pelo lado da Guiana foi estratégica; “a parte brasileira do monte f**a num parque nacional, para chegar nele tem que passar pela reserva indígena Raposa-Serra do Sol. É preciso pedir permissão à burocracia do governo”, diz Frechou. “Na Guiana não há nada disso, e as paredes são maiores.”
Inspiração no cinena e na TV
Há séculos a montanha fascina exploradores. Ela inspirou sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, na ambientação de ‘O mundo perdido’ (1912), romance sobre uma expedição a um platô infestado por dinossauros e esquecido na Amazônia. Para os índios pemons da Venezuela, o monte é Roraimu, o “Gigante Azul” (de ‘rora’, azul, e ‘imü’, grande), o lar de Makunaíma, o deus da tempestade. Em 2007, o fascínio do Roraima levou os desenhistas do estúdio de animação Pixar a viajar pelo topo (em helicópteros) para estudar sua vegetação e relevo. O Roraima foi o modelo do Paraíso das Cachoeiras de Up – Altas aventuras (2009), o cenário inóspito que o rabugento Carl e sua amada, Ellie, sonhavam explorar desde a infância. Na TV, serviu de inspiração à novela Império, exibida recentemente pela Rede Globo, que popularizou mais o local.
Morada de Makunaima
Os povos nativos dizem que o Monte Roraima é o berço e morada de Makunaima, uma entidade sagrada. Para os índios Macuxis, Makunaima foi fecundado no topo do monte durante um eclipse, quando raios dourados do Sol refletiram em um lago com os raios prateados da Lua. De curumim, cheio de magia, Makunaima cresceu forte e tornou-se um índio guerreiro. Guardião do monte, faz o tempo nublar e chover se alguém grita em seu topo, pois lá repousam os espíritos dos pajés. Quando um deles morre, seu espírito penetra na terra e se transforma em cristal. Já para os índios Pemon, da Venezuela, o Monte Roraima é a “Mãe das Águas”, lugar de nascentes de rios e grandes cachoeiras. Para eles, se a água é o sangue do planeta, o Monte Roraima é o coração. Alí estão as nascentes dos rios Arapobo, Cotingo, Waruma e Paikwa, que irão desembocar nas bacias do Orinoco, Amazonas e Esequibo.
Diz a lenda...
Um dia surgiu ali uma bananeira, que não era típica da região e que os índios Macuxi nunca tinham visto. A árvore cresceu de forma impressionante e deu belos frutos, mas um recado divino foi dado aos pajés: nunca poderiam tocar ou comer os frutos, pois aquele era um lugar sagrado. Todos passaram a temer e a respeitar as ordens dos pajés, até que ao amanhecer de um certo dia, a tribo percebeu que um cacho da bananeira havia sido decepada. Imediatamente a terra começou a tremer, enquanto trovões e relâmpagos rasgavam o céu deixando todos assustados. Os animais fugiram, começou a despencar muita chuva e, do centro daquelas terras alagadas, surgiu o Monte Roraima, elevando-se, imponente, até o céu. É por isso que, até os dias de hoje, acredita-se que o Monte Roraima chora quando, de suas pedras, saem pequenas gotas de água.
Roraima, Venezuela e Guiana
São raros os turistas que chegam à capital Boa Vista e não aproveitam para conhecer também a Venezuela e a Guiana. Boa Vista serve como base para o Monte Roraima (dali, são 346 quilômetros). Do lado venezuelano, a cidade de Santa Elena de Uairén (foto) agrada aos turistas de compras e praticantes de ecoturismo. Na Guiana, Lethem fala muito inglês e oferece ao visitante a chance de experimentar iguarias locais e de avistar a savana roraimense. Para entrar na Venezuela, basta apresentar o RG, já a Guiana exige passaporte. Dados do Ministério do Turismo mostram que Roraima recebeu mais de 38 mil turistas estrangeiros em 2015, dos quais 77% vieram da América do Sul. Os números reforçam a importância do turismo de fronteira na região.
Quem leva: roteiros, valores, formas de pagamento, o que está ou não incluso
Legalmente habilitada pelo Ministério do Turismo, Departamento Estadual de Turismo do Estado de Roraima, e afiliada à Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura e Natureza (Abeta), a Roraima Adventures, em Boa Vista (RR), disponibiliza pacotes para o Monte Roraima, mas quem quiser ir além, é possível realizar uma extensão para outros destinos da região, como Salto Angel, Gran Sabana, El Pauli, Chirikayen tepuy, Serra do Tepequém, Comunidade Bananal, e outros. A empresa oferece atendimento personalizado, transporte privativo, equipamentos adequados e com manutenção em dia, além de cardápio alimentar balanceado, com inclusão de frutas. Os guias são experientes e orientados para tratamento humanizado a todos os clientes com orientações detalhadas sobre tudo relacionado à viagem. Além disso, há reunião do grupo, em Boa Vista, para orientações técnicas, visando à segurança de todos, e procedimentos preventivos também para maior segurança dos participantes. O nível de dificuldade do trekking é considerado MÉDIO, a caminhada dá-se em terrenos muito acidentados, com altitude abaixo dos 3.000 m, não sendo necessários adaptação climática e o uso de técnicas verticais. Esta atividade é possível à maioria das pessoas, mas é preciso ter consciência de que a realidade da trilha é bastante cansativa e o desgaste físico é extenuante.
O respeito extremo para com o meio-ambiente e a cultura local, é um dos grandes diferenciais das equipes. A Viajar Travel News mostra com exclusividade três pacotes da EXPEDIÇÃO MONTE RORAIMA, oferecidos pela RR Adventures, é só escolher o que mais se adapta ao seu estilo, arrumar as malas e partir para essa aventura, que com certeza f**ará para sempre na memória.
ROTEIRO 1 - CIRCUITO MÁGICO MAKUNAIMA (CMM) | PACOTE BÁSICO: 10D e 09N - 05 NOITES NO TOPO
Por mais que se caminhe no topo do Monte Roraima, duas coisas causam inquietação:
1. Que lugar indescritível, suas formas, seus sons, seus silêncios, suas névoas... Quantas pedras, quanta água, que imensidão é essa que parece ter parado no tempo? Quanto mais se anda, mais se tem para descobrir e ainda há muitos lugares no topo que sequer foram pisados pelo homem!
2. Essa montanha parece estar viva, desperta sensações adormecidas, eleva a alma ao SER SUPREMO que habita cada um de nós, fazendo repensar valores, tornando cada pessoa mais forte e frágil ao mesmo tempo.
Essas reflexões chegam naturalmente até o mais cético dos viajantes, principalmente aqueles que permanecem mais dias no topo. No pacote denominado CIRCUITO MÁGICO MAKUNAIMA, há possibilidade de conhecer todos os atrativos possíveis a visitação no topo da montanha. Esqueça todas as formas de definição, somente os olhos e a alma saberão explicar.
VALOR - Grupo com 03 pessoas ou mais: R$ 2.890,00 por pessoa | Grupos menores: consultar valores.
ROTEIRO 2 - CIRCUITO 3 NAÇÕES (C3N) | PACOTE BÁSICO: 07D e 06N - 02 NOITES NO TOPO
Muito mais do que caminhar e acampar, este roteiro pode ser considerado um retorno à Era Pré-Cambriana, muito distante da existência do Homem sobre a Terra. Neste pacote inclui uma programação de 06 dias de trilha, onde é possível visitar alguns dos principais locais no alto da montanha, entre eles o Ponto Triplo, marco piramidal encravado no topo da montanha, que demarca o limite das fronteiras entre o Brasil, Venezuela e Guiana.
VALOR – Grupo com 03 pessoas ou mais: R$ 2.190,00 por pessoa | Grupos menores: consultar valores.
ROTEIRO 3 - CIRCUITO MÍSTICO CATEDRAL (CMC) | PACOTE BÁSICO: 08D e 07N - 03 NOITES NO TOPO
Nesse roteiro, os viajantes tem a oportunidade de conhecer o Mirante La Ventana - onde as palavras são insuficientes para descrever as paisagens e sensações que se manifestam nesta montanha.
VALOR – Grupo com 03 pessoas ou mais: R$ 2.490,00 por pessoa | Grupos menores: consultar valores.
OPÇÕES DE PAGAMENTO | TODOS OS ROTEIROS
Cartão de Crédito: em até 04 parcelas, sem juros, pela agência, no ato da reserva;
Transferência bancária: 30% - no ato da reserva | 30% - 60 dias antes da saída | 40% - 30 dias antes da saída
Com 10% de desconto: 20% no ato da reserva, por transferência bancária | 80% em espécie, em Boa Vista, no briefing.
INCLUSO: transporte Boa Vista/Santa Elena de Uairén/Comunidade Indígena Paraitepuy – ida e volta; hospedagem em apartamento duplo em Santa Elena de Uairén (01 diária); pensão completa no trekking: café da manhã, almoço de trilha e jantar; kit primeiros socorros; seguro-viagem; equipamentos de camping: barracas, lonas, fogareiro, material de cozinha; guia de trilha; carregadores para equipamentos coletivos; reserva do período da viagem junto ao Inparques e Comunidade Indígena Paraitepuy.
NÃO INCLUSO: bilhetes aéreos, receptivo in/out, hospedagem e refeições em Boa Vista e Santa Elena de Uairén, carregador pessoal, equipamentos pessoais, alimentação diferenciada, outros transfers e passeios.
IMPORTANTE: os pacotes não incluem seguro viagem, porém, todos os participantes devem ter seu próprio seguro viagem para participar da expedição, com apresentação da apólice via e-mail até 05 dias antes do dia da viagem, pela seguradora que tenham preferência. A RR Adventures emite Seguro Viagem através da Global Travel Assistance - GTA. Em todos os pacotes, os valores estão sujeitos a alteração, e o desconto de 10% é válido somente para pagamento em espécie.