13/05/2015
Atenção a vacinas, água e outros itens evita problemas de saúde na viagem
A trabalho ou de férias com a família, nenhuma viagem é imune a imprevistos. Mas muitos contratempos podem, sim, ser evitados – de uma doença grave para a qual já existe vacina a uma simples bolha no pé, provocada pelo calçado novo que deveria ter sido amaciado com antecedência. Veja a seguir uma lista dos cuidados que você precisa ter antes, durante e até depois do passeio para garantir o seu bem-estar.
ANTES DE VIAJAR
Consulte um médico: cerca de um mês antes do embarque, busque um especialista em Medicina de Viagem. Trata-se de uma área relativamente nova no Brasil e que, em geral, é exercida por infectologistas. Nos municípios em que não exista essa especialidade, você pode consultar, ainda, um clínico geral ou, no caso das crianças, um pediatra. "O mais importante é que o profissional esteja familiarizado com esse tipo de atendimento. Como há diversas doenças infecciosas que podem acometer os viajantes, muitas vezes os infectologistas é que têm mais familiaridade com o tema", explica Káris Rodrigues, infectologista do Centro de Informação em Saúde do Viajante (Cives), da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
No Centro, primeiro serviço do tipo implantado no país, o aconselhamento a viajantes é uma consulta médica gratuita, agendada por e-mail (veja no site). Em outras regiões do país também podem ser encontrados ambulatórios ou centros de orientação para a saúde do viajante, indicados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Se necessário, tome vacina: além de avaliar se as condições de saúde do viajante requerem alguma atenção especial, o médico consultado poderá indicar a imunização com vacinas. A contra febre amarela é obrigatória para o ingresso em alguns países e deve ser administrada pelo menos dez dias antes da viagem. Também há outras vacinas recomendadas conforme o destino.
"Para quem vai à Meca, na Arábia Saudita, durante o período de peregrinação muçulmana, por exemplo, também se recomenda vacinação contra meningite meningocócica", diz o infectologista Marcellus Costa, responsável pelo Centro de Medicina de Viagem da Fundação Oswaldo Cruz. "Informe-se nos centros de orientação ao viajante da Anvisa se existe indicação de vacina para o destino da sua viagem", recomenda o médico.
Contrate um seguro de saúde: o seguro é recomendado sobretudo para quem vai viajar a países onde os custos médicos costumam ser muito altos. Os preços variam conforme o local, o tipo de viagem e a cobertura. "É importante saber que alguns seguros não cobrem nenhuma atividade de aventura, mesmo trekkings", diz a infectologista Káris Rodrigues.
Confira, também, se o país para onde você vai tem algum acordo internacional que permita a cidadãos brasileiros utilizarem a rede pública local. Para se beneficiar do acordo, é necessário obter um Certif**ado de Direito a Assistência Médica. Para saber mais, acesse o site.
DURANTE A VIAGEM
Leve seus remédios: os medicamentos com prescrição médica dos quais o turista faz uso contínuo devem ser levados em quantidade suficiente para durar durante toda a viagem. Em roteiros internacionais, recomenda-se que os remédios sejam levados na embalagem original, junto com a receita médica, com o nome do paciente, a indicação e o tempo de uso.
"Se houver relatório do médico em inglês,melhor ainda", diz Gustavo Henrique Johanson, infectologista do Ambulatório de Medicina do Viajante da Universidade Federal de São Paulo. Mas vale f**ar atento ao volume dos recipientes: as normas de segurança aérea só permitem levar na bagagem de mão medicamentos líquidos de até 100 ml.
Use roupas e calçados confortáveis: conforto é prioridade quando se trata de escolher roupas e calçados para a viagem – e não apenas para prevenir incômodos simples, como uma prosaica (mas insuportável) bolha no pé. Evitar roupas e sapatos muito apertados também é uma das recomendações para a prevenção de um problema bem mais sério, a trombose venosa, que é a formação de um coágulo no interior do vaso sanguíneo (o trombo). Ele ocorre geralmente nos membros inferiores, quando o passageiro f**a muito tempo imóvel.
Em longas viagens, especialmente as de avião, é importante que o viajante movimente pernas e pés pelo menos a cada três horas, mesmo que permaneça sentado. Também se recomenda beber bastante líquido e evitar bebidas alcoólicas e sedativos. Quando existem fatores de risco, o médico pode recomendar o uso de meias de compressão e até medicamentos anticoagulantes. "Obesidade, tratamento de câncer, idade avançada e cirurgia recente são alguns dos fatores que aumentam o risco para a trombose", afirma Johanson.
Evite o jet lag: o mal-estar provocado pela diferença de fuso horário nas viagens mais longas pode ser amenizado com algumas medidas simples. Segundo o médico Gustavo Johanson, o ideal é que, antes mesmo de viajar, o turista vá alterando a sua rotina diária gradativamente, aproximando-a, tanto quanto possível, da que terá no seu destino. Durante a viagem, deve-se evitar a ingestão de álcool e cafeína.
As pequenas sonecas, por outro lado, são recomendadas. Para favorecê-las, vale a pena lançar mão dos tapa-olhos e tapa-ouvidos. No local de destino, o viajante pode se expor à luz solar caso precise f**ar acordado. "Se você chega no Japão durante o dia, mas o organismo ainda sinaliza que é noite, a exposição à luz solar inibirá um hormônio chamado melatonina, que induz ao sono", diz o médico. Quando a diferença de fuso é muito grande, é possível apelar para medicamentos, prescritos por um especialista. "Uma alternativa é administrar a melatonina sintética para tratar a insônia", explica Johanson.
Cuidado com o que ingere: a chamada "diarreia do viajante", provocada por ingestão de alimentos ou água contaminados, é um dos problemas de saúde mais frequentes no turismo, diz a infectologista Káris. Para passar longe, evite comprar comidas de ambulantes; prefira alimentos cozidos e beba somente água mineral. Se tiver dúvidas em relação à procedência da água, recorra à água gaseif**ada, mais difícil de ser adulterada.
Xô, insetos: em regiões tropicais, proteja-se dos mosquitos. Assim, além de evitar o incômodo de uma picada, você se previne de doenças como malária e dengue. O infectologista Gustavo Johanson sugere o uso de repelentes à base de Icaridina, que é bastante eficiente contra o Aedes aegypti (transmissor da dengue) e tem durabilidade de até 10 horas. A Anvisa libera o uso desse produto para crianças a partir de dois anos de idade.
APÓS A VIAGEM
Se pouco tempo após o retorno surgirem sintomas como febre, diarreia, problemas de pele ou respiratórios, procure imediatamente um serviço de saúde e informe os locais por onde passou. Passeios em cavernas, grutas e áreas rurais, picadas de insetos e contatos com outras espécies de animais, por exemplo, devem ser relatados. Seja qual for o problema de saúde, quanto mais precoce o diagnóstico, melhor.
Fonte: uol