13/09/2022
O Piki e suas histórias, Conheça a história do garimpeiro Barbosa e sua desilusão amorosa.
Enquanto isso, o Barbosa — como era conhecido — também era afrodescendente e trabalhou como garimpeiro na região de Corguinho. Segundo Alkontar, sua história de vida envolveu amor e decepção.
“Contava meu velho pai, que conhecera Barbosa dos tempos que vinha a cidade e trocava seus xibius (pequenos diamantes) por mercadorias na Casa Mineira e na Casa Calarge, da qual meu pai foi sócio e gerente. Permanecia pouco tempo na cidade e retornava à sua lida na busca do brilho das pedras, onde vivia em companhia de uma linda mulher branca de nome Alzira”.
Tudo parecia bem até que, em certo dia, Barbosa teria encontrado uma bela peça de diamante jamais vista em suas mãos, com forma, brilho e qualidade ímpar. Diz a história que Barbosa teria voltado ao rancho, informado Alzira sobre o achado do tesouro e escondido em um lugar seguro.
“Acontece que Alzira já andava de namorico com o chefe da guarnição policial do distrito, e contou a ele a história, convencendo o policial a largar o oficio e juntos fugirem para longe, recomeçando a vida em meio a luxos e folguedos que Barbosa não concebia em sua simplicidade e inocência de homem humilde e caseiro”, revela Edson.
Barbosa só descobriu a traição ao retornar para o rancho, numa noite fria e chuvosa. Em casa, ele não encontrou seus xibius, nem Alzira e muito menos a valiosa pedra que lhe daria tranquilidade por toda a vida. Depois disso, Barbosa teria enlouquecido totalmente.
“Como um louco, ou já enlouquecido, corria pelo garimpo e pela corrutela procurando Alzira e seus diamantes...Ela já estaria longe, gozando, pela primeira vez, a aventura de viajar pelos trilhos da noroeste em direção a lugares que ninguém nunca mais soube. Barbosa veio para Campo Grande, talvez na esperança de encontrá-la, mas nunca mais viu Alzira e suas pedras”.
A partir disso, a vida do homem se resumiria em vagar pelas ruas de Campo Grande enrolado em um cobertor, descalço, em trapos e à deriva do acaso. Buscava pedras preciosas em meio às sarjetas, mas nunca obteve sucesso. Barbosa vivia passeando na rua 14 de Julho, seu local favorito da cidade, dormia em baixo das marquises e raramente aceitava esmolas. Conforme o relato, era sempre muito simpático e educado com os moradores que passavam por ele.
“Durou até o início dos anos oitenta, já com noventa anos de trabalho e sofrimento...Ironicamente, ele que já morava no Asilo, para onde fora levado por pessoas da cidade, morreu na noite em que a escola de samba Igrejinha cantava na avenida o samba que falava de sua desdita...Coisa que só Deus saberia explicar. Talvez, lá do céu, Barbosa tenha assistido a escola de samba comemorar a vitória naquele ano, sendo ele um dos personagens principais”, informa Edson Alkontar.
Fonte mídia Max por Acervo Particular/Edson Alkontar)