Rita de Sena Sousa (conhecida popularmente como Tia Rita), do Sr. José Barros e do jovem Jader Costa, nasce na comunidade a Associação do Desenvolvimento Comunitária de Flecheiras ou ADCF (nomeada assim por Tia Rita), a sigla da associação foi uma idéia do Jovem Germano Santos. A ADCF foi registrada em cartório no dia 10 de Junho de 1990. No mesmo ano, consegue dois embargos de empreendimentos qu
e seriam realizados nas dunas. Um na área entre Flecheiras e Guajiru, loteamento feito pela imobiliária Luciano Cavalcante, e o outro era uma cerca as margens da lagoa “Piscina” (lago temporário entre duas dunas fixas, que atraía a atenção dos turistas durante o período de chuvas). Além disso, enfrentou alguns especuladores que insistiam em cerca a faixa de terra localizada entre a praia e a estrada na área da Barrinha. “Muitas cercas foram derrubadas”. Um fato interessante aconteceu na comunidade nesse ano (1990), o prédio onde funcionava o posto policial foi transformado em posto de saúde e os policiais ficaram sem Teto. No ano de 1991, alguns pescadores são financiados pelo BEC, através do Projeto Jangadeiro, que visava emprestar dinheiro aos pescadores para a construção de paquetes e compra de material de pesca. Dois técnicos do IBAMA executavam o projeto. Em 1992 a ADCF consegue a aprovação de um projeto para a construção de um frigorífico, financiado pela Secretaria de Indústria e Comércio do Estado do Ceará. O terreno para a construção é doado para a ADCF pelo Sr. Jonas Henrique de Azevedo com registro em cartório: matriculado sob nº 416, fls 148, livro 2 – B e registrado sob nº 01, fls 148, livro 2 – B, em 06 de abril de 1992. Com o início das obras a ADCF começa a ter dificuldades, a mão de obra que não estava no orçamento e que deveria ser voluntária foi contratada, foi costruído o muro ao redor do terreno, que também não estava orçado. Sem dinheiro para continuar as obras o prédio ficou inacabado e o projeto parou. A partir daí o prédio passou a ser a sede da ADCF. Nesse mesmo ano, a professora da Universidade Estadual do Ceará, Luzia Neide Coriolano com intuito de ajudar na organização local, oferece a comunidade os Cursos de Cooperativismo e Meio Ambiente e o Curso Relacionamento Pais, Professores, Líderes Comunitários. de jovens começa a trabalhar junto ao Movimento Encontro de Jovens Shalom, fortalecendo sua caminhada e contribuindo na formação de seus integrantes com cursos ( Relações Humanas, Organização, Pedagogia Dinâmica, Análise Educativa, Educação Libertadora e outros) e trabalhos sociais. O incentivo a outras modalidades esportivas na comunidade era feito pelo Sr José Almir, querido e admirado pelos moradores realizava competições na lagoa “Piscina” e na praia e em 1995 realizou a primeira regata na praia de Flecheiras. A preocupação com a preservação do meio ambiente já era visível, e algumas pessoas começam a desenvolver trabalhos nessa área. O casal Júlio e Priscila, vindo de Fortaleza encontram na comunidade um espaço para a realização de inúmeras atividades ambientais, principalmente relacionada a vida marinha, como a criação do museu dos organismos marinhos, nele podíamos encontrar fotos, livros, além de vários tipos de peixes, crustáceos, molusco e outros seres marinhos, todos conservados em formol. Nesse espaço, também funcionava o projeto Peixinho 2000, incentivava a educação infantil e atendia crianças de 02 à 05 anos, seguindo o seguinte tema: Brincando e Aprendendo. Através do Sr. Júlio a comunidade entra em um programa de intercâmbio da IBECA ( Brasil x Estados Unidos), onde alunos de universidades americanas, vem para a comunidade fazer pesquisas e ficam hospedados nas casas dos pescadores, coordenado pelo professor William M. Calhhoun Jr. (BILL). Após um período de queda nas suas atividades a ADCF em 1996 é revitaliza graças a força de vontade do Sr. José Barros, alguns moradores e o grupo de Jovens Shalom (desafiados a assumir a Associação após a participação do encontro Ensino Social da Igreja, realizado pelo Movimento Shalom). Inicia-se uma nova fase na vida da ADCF. Com o aumento da população do Barreiro as necessidades locais começam a preocupar os moradores e eles fundam Associação dos moradores do Barreiro com o objetivo de trazer benefícios para a comunidade do Barreiro. A comunidade perde o terreno de São Pedro (espaço na praia onde era realizadas as missas de São Pedro). Em seu lugar é construído uma pousada. Em 1997, começa o desenvolvimento institucional da ADCF, com eleição para a nova diretoria, e assessoria direta do Instituto TERRAMAR , é realizada a primeira Regata Ambiental de Flecheiras abordando o seguinte tema: A vida em Flecheiras. Vale ressaltar a presença constante do Instituto TERRAMAR e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) na comunidade, realizando seminários, reuniões e em contato com as lideranças locais a partir do início da década de 90. Outros órgãos também deram sua contribuição na história da comunidade entre eles podemos citar o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA), que em 1997 realiza uma campanha junto a ADCF, abordando o tema: lugar de criança é na escola. Durante a campanha foi diagnosticado que na comunidade havia 111 (cento e onze) crianças em idade escola (de 07 à 14 anos) fora da escola por falta de vagas. Em sua maioria na comunidade do Barreiro. Imediatamente o problema foi levado ao conhecimento do prefeito Sr. Jaime Marques, encaminhado pela Sra. Neiara e o Sr. Brito (ambos do CEDECA) e por representantes da ADCF (Gláucia Sena e José Barros). A solução de imediato foi o Aluguel de uma casa no Berreiro (escola improvisada) e a contratação de novos professores. Inicia-se a construção da escola do Barreiro. Inaugurada em setembro de 1998, recebeu o nome de Escola de Ensino Fundamental Mestre Sabino. Nesse mesmo ano a ADCF consegue um nova vitória, o desvio da Rodovia Sol Poente, que passaria dentro da comunidade. A sede da Associação do Barreiro é construída e a comunidade já dispõem de energia elétrica, resultado do trabalho da Assoc. de Mor. do Barreiro em parceria com o Projeto São José. Com a chegada da Rodovia asfaltada o fluxo de turismo aumentou, e novos problemas surgem na comunidade como a especulação imobiliária, o aumento da incidência das dr**as e os conflitos entre moradores e veranistas, o espaço de atracagem das jangadas vai diminuindo e alguns donos de pousadas e restaurantes chegam a proibir o lazer (principalmente jogos) e a atracação de jangadas em frente seus empreendimentos. Com a diminuição da pesca surgem novas alternativas de complementação de renda como o projeto de cultivo de algas desenvolvido pelo Instituto Terramar em parceria com a ADCF e a OCEC, financiado pela FAO, a partir de 2000. Também nesse ano o Programa de Educação do Instituto Terramar, inclui as escolas de Flecheiras no projeto Escola e vida no litoral. A segunda Regata Ambiental de Flecheiras foi realizada em 2002 com o seguinte tema: Água, o ouro azul do século XXI.