" João de Almeida com sua família veio a este sólo entre os annos de 1725 e 1730. João de Almeida Chéffe da família, fes sua casa de no Alto da igreja e próximo a ponte do Ribeirão outra morada chamada vulgarmente a casa da farinha na qual tinha róda e prênsa de a confecionar, e num pequeno engênho de môer canna "
( Antonio Vieira dos Santos )
Morretes 1820
Nesta data, Auguste de Saint-Hilaire
, um pesquisador da fauna brasileira que passou pelo Brasil entre 1816 e 1822, desceu o planalto para o litoral e descreve algumas passagens por Morretes e Porto de Cima. " Ao chegar ao Porto eu me vi em outra atmosfera o ar era pesado e o calor muito mais forte do que nos arredores de Curitiba e nos Campos Gerais. Eu não me achava mais nem no planalto, nem na serra, e sim nas proximidades do litoral. De repente, realmente voltei a ver as plantas cultivadas nas regiões mais quentes do Brasil. Em lugar dos pessegueiros que cercam as habitações do distrito de Curitiba, são as bananeiras que abrem suas largas folhas sobre as casas do Porto. "
Saint-Hilaire descreve que os habitantes da região eram mestiços de índios, de brancos e mulatos e ao chegar em Morretes, o local contava com 60 casas e a paróquia, tinha cerca de mil fiéis. " Parei no arraial de Morretes, situado em aprazível local, à beira do rio Cubatão " ( hoje Nhundiaquara )
O ponto mais alto deste arraial, era justamente onde havia se construído a paróquia. De lá podia-se ter uma visão mais detalhada. Não por acaso que justamente neste lugar o primeiro morador oficial de Morretes escolheu este mesmo local para construir sua casa. Isto bem antes da construção da igreja cujo início se deu sob forma de uma pequena capela consagrada à Nossa Senhora do Porto dos Três Morretes, benta em 1769. João de Almeida, rendeiro do porto tinha autorização para cobrar impostos e fazer o comércio do rio Cubatão. Nosso primeiro morador, aqui chegou entre 1725 e 1730. Este " outeiro ", local onde se instalou João, depois a Matriz ,é o ponto mais alto da cidade e por lá também Saint-Hilaire passou em 1820. Ao chegar ali naquele pequeno morro, daquele outeiro Saint-Hilaire pôde concluir o que era Morretes. " e nada ali, absolutamente nada, nos faz recordar o aspecto severo dos arredores de Curitiba e dos Campos Gerais "
Geografia, Padres e Índios
A palavra " outeiro " era muito utilizada na época. Ela vem do latim e signif**a " a parte mais alta do altar ". A Igreja, assim como a língua Tupi, tiveram uma forte influência na identidade cultural da região. Esta palavra também designa uma espécie de fusão entre a Igreja e a Geografia, já que posteriormente ao signif**ado original, ela passou a ser usada como sinônimo de " pequeno morro ". A mesma fusão ocorre entre o Tupi e a Geografia, já que Nhundiaquara, que f**a poucos metros abaixo deste " outeiro ", vem do Tupi. A palavra outeiro é encontrada na obra de Saint-Hilaire em 1820 e também em 1851, na obra de Antônio Vieira dos Santos. Não há dúvidas de que o Menino Deus dos Três Morretes ( nome original da cidade ) não foi apenas dado pela relevância geográf**a dos morros. Seu outeiro, seu altar, sua altura ainda é maior; porque Morretes é também Sagrada. " Sinhor bom Jesuis ! Deus que abençõe !