Em abril de 1969, após a aquisição de um “ônibus” F6 ano de fabricação 1946 começou a fazer a linha Itaiacoca à Ponta Grossa. Este ônibus foi comprado sem dinheiro, onde usou-se somente o crédito do nome da família Gomes Sousa.
Em 1970, querendo renovar o ônibus, fez uma aquisição de um modelo mais novo, o qual posteriormente acabou cedendo para seu irmão. Para continuar a linha, adquiriu um F600 adaptado em fundo de “quintal”. Ao invés deste “novo” ônibus” lhe trazer resultados, acabou lhe trazendo mais problemas em função de ser motor a gasolina, o que refletia diretamente nos seus custos. Em virtude disto, trocou o motor por outro a diesel, mas não conseguiu livrar-se dos problemas, pois mais tarde este motor veio a fundir. Sem dinheiro e sem ônibus, viu-se obrigado a comprar outro motor, desta vez um Perkins, o que não ajudou muito para sair da crise que enfrentava.
Sentindo que a situação já se arrastava por um longo tempo, decidiu trocar o motor Perkins por outro mais novo a gasolina, indo a Retipar e fazendo este negocio. Como já era esperada a situação continuava ruim, devido ao alto custo do combustível e do número de passageiros transportados.
Em 1972, deixou o ônibus F600 e comprou outro ônibus usado. A partir daí sua vida começava ter um novo rumo. Já a partir do segundo mês, conseguiu pagar a parcela do mês e mais uma e assim sucessivamente, de forma que o ônibus foi pago quase na metade do tempo previsto. Quando terminou de pagá-lo, quis melhorar o veículo e para isto o vendeu para um empresário de Jaguariaíva, o qual estava iniciando com uma linha de ônibus no interior.
Indo até a cidade de Jaguariaíva e de lá retornou para Ponta Grossa com outro ônibus. Durante a viagem e em conversa com o motorista, ficou sabendo que uma empresa havia entregado uns ônibus usados em Curitiba, trocando-os por novos.
Já em casa, pegou o fusca 66 e foi à Curitiba comprar um novo ônibus, na Sulbrave. Relatou a sua história ao gerente e este acabou cedendo um ônibus Alfa sem o pagamento, ficando o fusca 66 como garantia do negócio. O gerente informou-o que na seqüência levaria as promissórias para assinatura com a devolução do fusca. Naquela noite o fusca foi roubado, mas o gerente da Sulbrave nada lhe contou. Passado 05 dias o gerente ligou informando sobre o roubo do fusca e alegando que quando encontrassem o mesmo finalizariam a negociação, mas que ele poderia continuar utilizando o ônibus até que tudo fosse resolvido.
Após alguns dias encontraram o fusca todo depenado e abateram o valor nas promissórias a serem quitadas. Com este ônibus conseguiu um resultado melhor e após o pagamento do mesmo comprou uma caminhonete furgão modelo F1 e iniciou a linha do Mato Queimado. Foi nesta época que teve seu primeiro empregado.
Para continuar a linha adquiriu um F350 trocando-o posteriormente por um modelo 608, um pouco melhor e maior, tocando agora duas linhas, de Itaiacoca e Mato Queimado.
Após alguns meses tentou abrir uma nova linha, fazendo Teixeira Soares à Ponta Grossa, infelizmente sem sucesso, porque o custo da passagem era maior que o da passagem de trem, e além disto, em função da precariedade da s estradas, não conseguiria fazer a linha em dias de chuva. Mais tarde encerrou este trajeto para evitar maiores prejuízos.
Já casado e com filhos, comprou um Scania, ônibus maior e melhor, e iniciou a linha Guaragi à Ponta Grossa, e também o turismo, fazendo excursões para Aparecida do Norte e para as praias, sendo motorista, mecânico, cobrador, eletricista e administrador ao mesmo tempo. Foi difícil, mas sempre com o objetivo de conseguir ter a sua empresa de ônibus.
Com três linhas e as excursões, conseguiu pagar o ônibus, comprar novos veículos e renovara frota. Iniciou o trabalho de transporte de funcionários para as indústrias e adquiriu Kombi para o transporte escolar com contratos assinados coma Prefeitura.
Em 1987 tinha uma frota de 20 ônibus e algumas Kombis, situação estável e promissora.
O auge de sua carreira foi em 1990 quando conseguiu fazer uma carroceria nova para um de seus ônibus.
Destacam-se como pontos fortes de sua personalidade, a coragem para enfrentar situações difíceis, ser extremamente trabalhador e nunca desistir de seus sonhos.
Hoje a empresa apresenta uma situação sólida e bem estruturada, tem uma frota de 25 veículos, procurando ainda mais. Em função de todas as experiências anteriores, gasta mais tempo administrando a sua empresa e se sente mais empreendedor, porque se preocupa em buscar novas oportunidades de negócios.
Procura hoje dedicar um tempo maior para sua família que é para ele o seu melhor patrimônio. Tem como características marcantes a coragem e a fé em Deus e se fosse necessário recomeçar faria tudo de novo, porém agora com base nas experiências anteriores.
Walter Sousa Gomes - Proprietário Administrador - Trans Empri - 2018