19/01/2024
DIA de SÃO SEBASTIÃO
“(...)Em cada ano, a primeira das procissões solenes a ser realizar era a do padroeiro da cidade, dia de grande festa religiosa, cívica e popular.
Ainda hoje 20 de janeiro é feriado municipal no Rio de Janeiro.(...)
Vinte de janeiro é o dia que a Igreja consagra a São Sebastião. E São Sebastião é o padroeiro da cidade que foi posta pelo Fundador sob a sua invocação por ser o onomástico do soberano então reinante em Portugal, D. Sebastião,(...)
(...)Foi a 20 de janeiro de 1567 que se deu a batalha que assegurou o domínio lusitano sobre o Rio de Janeiro. (...)
Mem de Sá a escolhera para atacar os redutos de franceses e tamoios justamente por ser o dia do Padroeiro. Naqueles tempos de fé robusta e ingênua, confiava-se no santo protetor para dar a vitória à sua gente. Não se afirmava já então que o mártir fora visto sob a forma de um mancebo “muy fero e fermoso”, combatendo em pessoa ao lado das forças de Estácio, na duvidosa batalha das canoas?(...)
São Sebastião foi sempre o padroeiro do Rio de Janeiro e, como tal, alvo de um culto carinhoso por parte dos cariocas. A ele foi consagrada a primeira capela erguida nestas terras: uma tosca igrejinha de taipa, coberta de sapê que Estácio se apressou em mandar levantar no primeiro sítio da cidade, ao sopé do Pão de Açúcar.(...) Transferida a cidade para o Morro do Descanso, que depois se chamou do Castelo, um dos primeiros cuidados de Salvador de Sá foi ali erguer a igreja do Padroeiro, a Sé Velha,(...)
Sempre foi muito devoto do seu patrono o povo do Rio de Janeiro. Nos tempos coloniais e nos da monarquia, a festa de São Sebastião era celebrada com vibrante entusiasmo em que as comemorações oficiais se aliavam, às manifestações populares.(...)
A procissão de São Sebastião era das mais vistosas e concorridas que se realizavam na cidade, nela tomava parte, praticamente, toda a população a começar pelas autoridades.(...)
A procissão de São Sebastião ainda é celebrada; mas é mofina e magra e percorre de carreira, às pressas, um itinerário reduzido. E o dia é aproveitado, como feriado, para diversões mais ao gosto do tempo. Em vez de ir à Igreja do Padroeiro, a população corre para o estádio do Maracanã. Em vez de rezar, aposta.
Antigamente, a cidade invocava de fato dois padroeiros. Ninguém hoje se lembra de São Januário que, entretanto, foi santo de grande prestígio por aqui.(...) Hoje o nome de São Januário só evoca à mente do carioca a imagem do estádio do Vasco da Gama.(...)
Mas porque São Januário? – Porque isto aqui, mesmo antes de ser a cidade de São Sebastião, sempre foi Rio de Janeiro. Janeiro, Januarius; é claro?(...)
Fonte: Memórias da Cidade do Rio de Janeiro – Vivaldo Coaracy – Livraria José Olympio Editora - 1955