14/09/2020
Hoje 14 de Setembro, fatos da rica história dessa jóia em beleza, cultura e episódios que se entrelaçam com a história do Brasil e do Mundo.
14 de Setembro de 1563 – PAZ DE IPEROIG
.. os pensamentos voam e o assunto é mais amplo e complexo que minha pequena explanação... mas deixo aqui minha humilde pesquisa, ponderações de um episódio marcante na história Mundial devido sua importância e f**a aqui um espaço para que pensem e tirem suas próprias conclusões, apesar da história não ser uma ciência exata, ela carrega consigo fatos e ações que não podem ser esquecidos...
Falo aqui de uma data de comemoração e reflexão sobre os fatos que desenharam o nosso território, que poucos conhecem e sabem o que estão comemorando, se bem que posso chamar essa data de comemorativa, pois seria maior o seu valor se soubessem da pureza e bravura dos índios Tupinambá.
O que passa é que por 5 ou 6 tentativas de conquistarem os índios Tupinambá, os portugueses não foram felizes por três motivos. Primeiro devido ao fato dos nossos índios serem exímios atiradores de flechas, segundo por conhecerem com a palma das mãos esta região e terceiro, por serem excelentes remadores, desta forma, estavam à frente do branco colonizador.
Surgem então mais dois personagens em nossa história.
Um pouco da história da passagem de José de Anchieta por Ubatuba...
..tentando controlar a “rebeldia” dos índios, em 1563, os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta partem de São Vicente com destino a esta região, conhecida por Aldeia de Iperoig (aproximadamente 1.200 índios), com a missão de pacif**ar os índios através de um tratado de paz. Desconfiados das verdadeiras intenções dos portugueses, os índios tomam Anchieta como refém durante cinco meses, até verem assegurada “A Paz de Iperoig”. Com a paz instalada, os portugueses asseguram a posse da região e fundam a Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, hoje, Ubatuba...
• ... Desta forma escreve e assina-se o primeiro tratado de paz das Américas.
• ...na realidade, para dominar a zona costeira e explorar o interior das terras descobertas, os portugueses usavam os índios como escravos no trabalho e nas lutas, capturados à força e com muita brutalidade.
• Vale lembrar que quando os índios atacavam os invasores em suas aldeias, poupavam as mulheres e crianças que para eles são criaturas sagradas. Diferente dos portugueses, que quando atacavam arrasavam tudo, matando quem estivesse pela frente, homem, mulher e criança.
• Mais uma grande guerra não aconteceu, pois os portugueses auxiliados pelos jesuítas que tinham grande poder sobre os índios com suas palavras, conseguiram aplacar a ira dos chefes morubixabas com promessas de castigos divinos e o furor da natureza, que era a única coisa real que orientava as ações e os pensamentos desses que eram naturais e puros. Aí nasce o grande tratado de paz.
• Quanto estas palavras e promessas, em um trecho de um poema encontrado em velhos arquivos do Padre José Anchieta, o cacique Aymberê diz:
“Não conhecem acaso os portugueses essa pia doutrina que nos pregas?
Como, pois, contra nós, em guerra assídua, sem medo de seu Deus, cruéis se mostram? Ou, só porque de Deus ao filho adoram, lhes foi dado o poder de perseguir-nos? Mas se do céu as leis desobedecem, que Deus é esse então que os deixa impunes, e vem por tua boca ameaçar-nos?
• Infelizmente a história não comenta que logo depois de terem se desarmado e se dispersado, os índios foram massacrados pelos rudes e estúpidos colonizadores portugueses interessados no ouro, nas riquezas e nas terras descobertas.
• Cunhambebe (líder da Confederação – gago/ quase 2 metros de altura) morreu doente, ferido no corpo e na alma, envergonhado diante da humilhação a que levou seu povo por ter acreditado na palavra dos brancos.
• Inclusive, acredita-se a história moderna que os índios que sobreviveram fugiram para não tornarem escravos e vieram a ajudar na fundação de cidades no Estado do Paraná.
• Antes de morrer, Cunhambebe lançou uma maldição contra os invasores e seus descendentes, dizendo que as terras de Yperoig que eles tanto quiseram seriam as terras do fracasso, que aqui nada daria certo, tudo que se começasse não chegaria ao fim. Grande entusiasmo no início e resultado miserável no final. Aí nasce essa maldição comentada em nossa cidade.
• Enquanto se comemorar a Paz de Yperoig como homenagem ao trabalho dos jesuítas esquecendo-se de que ela só foi possível porque enganaram a boa fé daqueles homens primitivos e os traíram matando seus chefes e humilhando seu povo, os verdadeiros donos da terra brasileira.
Penso que a Paz é lembrada ignorando o papel e a traição cometida contra os índios e sempre quis como filho desta Terra Caiçara, ver assegurada a comemoração do Dia aos Bravos Caciques Tamoios (os mais velhos da Terra) Coaquira, Cunhambebe, Pindobuçu, Aimberê e Araraí em homenagem aos bravos índios do Litoral Norte e a eles nossas honras pela luta por esse tão nobre território.
Texto.
Marcos Roberto dos Santos Vice Presidente da Associação Coaquira.
📷 Cunhambebe ilustrado por André Thevet.