18/07/2018
Essa história é linda! Vamos cuidar dos nossos idosos!muitos chocolates a todos eles!
"Obrigada por me permitir ser também um pouco mãe de seus pais. "
Cada um com sua missão, cada um com sua história, uns felizes e completos mas outros com muita mágoa da vida, já outros com muito arrependimento de tudo que fez ou deixou de fazer na vida e outros ainda que nem se lembram mais do que fizeram...
Desde muito pequena, sabia o que faria da minha vida, e muito deste propósito se deve a uma passagem que muitas vezes poderia passar aos olhos de maneira despercebida como acontece em nosso dia a dia corrido e cada vez mais individualista.... Porém comigo aconteceu algo impressionante....Em uma tarde comum eu estava com minha mãe, retornando de um passeio no centro da cidade São João da Boa Vista, e resolvemos ir nos benzer. Como somos do interior temos por crença que quanto mais idoso o benzedor, melhor a reza. Rsrs...
No caminho de volta um transito de cidade grande; paramos na faixa para esperar quando passa um senhor levando nas mãos um s**o de pão pardo... com seus 90 e tantos anos e com Mal de Parkinson.... ao caminhar ele deixou cair 2 pães no meio da avenida, sendo que não conseguia se abaixar para pegar... Foi a situação mais estranha que senti na vida, era um choro sem controle, soluços ... parecendo até ridículo por não conhecer, não ter nenhum sentimento com aquele senhor... eu perguntava para Deus porque aquilo .... tão velhinho e sozinho, indefeso tendo que passar aquela situação. Chegamos em casa e minha mãe passou para o meu pai que eu precisava de um médico, pois tive uma atitude estranha na rua... estava doida, chorando do nada! Rs
Alguns dias depois minha mãe voltou ao assunto, cheia de dedos, com medo da minha atitude, mas nada aconteceu....Somente senti um amor muito grande por aquele senhor que até hoje não consigo explicar.
Passou-se uma semana daquele episódio, vamos nós novamente nos benzer. Por sinal a Sra. se chamava Dna. Vera, e me lembro exatamente de detalhes como o cheiro da casa dela, piso vermelho encerado, colcha de chenille laranja antiga e vasos de flores de plástico com gotinhas de orvalho.... Ah como cheiro nos marca... continuando....Ao sair encontro o senhor dos pães... e para minha inocente surpresa era o irmão de D. Vera. Tive a oportunidades sentar com ele e ter uma conversa de avô e neta, pois nesta época eu tinha próximo de 10 anos.
O "pagamento" para benzer era simbólico, sendo que levávamos o que eles diziam mais gostar: muitos chocolates, caixas de chocolates, de todos os tipos.... eles amavam... e eu também, pois pegava alguns... rs.. Eles eram em vários irmãos, e a Dna. Vera cuidava de todos como uma grande mãe, apesar de que a mesma já tinha quase 80 anos.
Fui embora da cidade de São João, morei fora do país, segui meu destino e após uma longa jornada consegui realizar o que tanto amava... ser mãe dos pais de outras pessoas .... sem esquecer .... sempre com muito chocolate!!!!
Obrigada a todos da CARMEL RESIDENCE .
Ana Vasconcellos