04/02/2021
ALÉM DO HORIZONTE
Não é possível construir um presente ou futuro com os olhos fixos no passado. Assim aprendemos. Mas nesse caso sim, porque olhar para um passado de tanta luta e sofrimento; e no momento enxergar além do horizonte há um lugar bonito abrindo suas portas para se desenvolver o turismo, lazer e entretenimento: “onde possa encontrar a natureza, a beleza natural, a alegria e a felicidade”.
Nesse lugar o amanhecer é lindo, o por do sol é deslumbrante. Lá, se contempla belas paisagens, br**ca na areia em prainhas no meio do rio; As pessoas viajam de barcos, lanchas e jet-skis... Se vive momentos de pura adrenalina.
Conhecer este lugar é uma aventura inesquecível. Esse lugar é Porto Camargo, município de Icaraíma, PR.
Imagino que se fosse hoje, esse teria sido o relato da comitiva que desbravou o sertão paranaense até chegar a Porto Camargo.
Tudo começou quando Affonso Alves de Camargo, paranaense nascido em Curitiba na década de 1870; o então presidente da Província do Paraná no final século XVIII enviou uma comitiva comandada pelo sertanejo Manoel Mendes de Camargo, a desbravar o sertão e chegar às margens do Rio Paraná. A comitiva saiu das proximidades de Pitanga, PR. Após cavalgar 360 km desbravando o sertão, chegaram ao lugar que posteriormente recebeu o nome de Porto Presidente Camargo.
Qual seria o principal objetivo de desbravar o sertão e chegar às margens do Rio Paraná?
Exportar o gado ou a carne bovina oriunda do Mato Grosso, que à época era salgada, exposta ao sol, depois de charqueada era exportada, principalmente aos consumidores dos estados do litoral brasileiro. Affonso Alves de Camargo queria que a carne bovina chegasse à mesa dos paranaenses a preços mais baixos. Porque, até então, a carne feita charque chegava ao Estado pelo Porto de Paranaguá PR; isso depois de passar pelo Paraguai, Argentina e Uruguai transportados em embarcações de médio porte pelo Rio Paraná. Além dos valores exorbitantes, a demora em chegar ao destino, ainda o risco de perda durante a viagem.
Pois bem, quase 200 anos depois, surge +o projeto da Estrada Boiadeira, que seguiria o caminho dos desbravadores sertanejos. Em meados dos anos de 1960 já se falava na construção da estrada boaideira, inclusive, segundo o morador de Porto Camargo, Antônio Bento da Silva, “na década de 60 essa rodovia já existia no papel, como rodovia asfaltada. O caminho dos sertanejos continuava apenas no papel.
Para quem viveu e ainda vive às margens da rodovia, são inúmeras as histórias de sofrimento atravessando os atoleiros, as dificuldades para escoar a produção do café, principal lavoura da época; e tantos outros obstáculos. “Havíamos perdido a esperança” confessa o morador da região, Marcos Antônio da Silva.
Os anos se passaram e com eles o sonho da estrada boiadeira. Finalmente, nos anos de 1980, começa a primeira etapa. 21 km entre Campo Mourão e Cruzeiro de Oeste. Passaram-se, mais décadas, a rodovia é concluída no trecho mencionado.
Um sonho quase impossível. De repente, surgem rumores da construção de mais uma etapa; e dessa o projeto é concluir a obra. Os trabalhos começam entre Serra dos Dourados e Icaraíma, PR.
No dia 06/12/2020, O presidente Jair Bolsonaro autorizou uma série de obras financiadas pela Itaipu, entre elas, a restauração, implantação e pavimentação da BR-487, a Estrada Boiadeira. E o projeto atual ultrapassa a fronteira que liga os estados do Paraná ao Mato Grosso do Sul; o destino e a rota bioceânica e deve chegar ao Chile. E Porto Camargo está incluído neste projeto.
Na quarta-feira, 04 de fevereiro, iniciou-se o viaduto que dá acesso a Porto Camargo.
Lúcio Freire dos Santos
ABRAJET/PR