11/10/2024
TENDO O MAR COMO HORIZONTE OS FARÓIS COMO OBJECTIVO (II)
Uma viagem pela costa de Espanha desde Socoa, no Pais Basco francês, até A Guarda (Galiza).
2664,490 Km, de Alcobaça a Burgos ( Castilla e Leon), de Burgos a Vitoria (País Basco), de Vitoria a Socoa/Urrugne, (Pais Basco francês), de Socoa a Hondarribia/Guipúscoa (País Basco), de Hondarribia a San Sebastian ( País Basco), de San Sebastian a Guernica/Luno (Biscaia), de Guernica a Bermeo (Biscaia), de Bermeo a Bilbau (Biscaia), de Bilbau a Santoña (Cantabria), de Santona a Gijon (Asturias) , de Gijon a Santiago de Compostela (Corunha), de Santiago a Fisterra (Corunha) de Fisterra a A Guarda (Galiza), de A Guarda a Alcobaça, foram 9 dias, de 25 de Setembro a 3 de Outubro de 2024.
A partir de Socoa (França) fizemos a rota dos faróis* previamente estipulados até Gijon, cidade onde em 18 de fevereiro de 2018, iniciamos a descida da costa da morte que terminou em A Guarda.
A 26 de setembro de 2024 iniciamos em Socoa a descida da costa até Gijon, tendo visitado e fotografado 24 faróis, incluindo dois faróis a que não conseguimos chegar em 2018, devido às dificuldades de acesso tendo em conta o temporal que se fazia sentir na altura. Visitámos ainda 10 portos de pesca e marinas de recreio.
Nos planos que fizemos para esta viagem incluímos vários monumentos, catedrais, museus e alguns locais turísticos: Catedral de Burgos, Mural de Guernica de Picasso, em Guernica, Museu Euskal Herria, em Guernica, Museu Del Pescador, em Bermeo, Museu Guggenheim em Bilbau, Museu Marítimo da Ria de Bilbau, Museu del Mar de Santurzi em Bilbau, Museu das Ancoras Phillippe Cousteau em Avillez, Catedral de Santiago de Compostela, Santuário de Nossa Senhora da Barca, em Muxía, Museu da Pesca – Castelo de São Carlos, em Finisterra.
O título que atribuímos às nossas viagens em 2018 e 2024, TENDO O MAR COMO HORIZONTE OS FARÓIS COMO OBJECTIVO, como se compreende não é indissociável da paixão que temos pelo Mar. A minha vida teve sempre como horizonte o mar, desde criança que nutria um desejo constante de me aproximar do mar, de ir para o mar, de estar no mar. Há vinte e sete anos que a Ana partilha comigo a paixão pelo mar. Marinheiro, pescador e mergulhador, terei o Mar Como Horizonte até ao fim.
Os faróis são a luz que salva a vida dos que andam no mar. Os faróis e os faroleiros são histórias de muitos anos, histórias de dedicação, de isolamento, de amor à profissão ao dever de faroleiro. Homens e mulheres que nos locais mais distantes, mais isolados zelam pela vida dos que andam no mar, mulheres e homens que muitas vezes em condições extremas mantiveram acesa a luz da vida, a luz que guia o caminho em segurança do navegante, nas condições mais difíceis, muitas vezes enfrentando grande tempestades. Os faróis, sentinelas da vida, estão também repletos de histórias muitas vezes retratadas na literatura trágico marítima, quando viajamos pelos faróis também homenageamos todos os que mantiveram acesa a luz da vida, muitas vezes com o risco da própria vida. Hoje a grande maioria dos faróis, estão automatizados, a importância da sua existência mantém-se e a vida dos faroleiros está mais facilitada.
Procurar e visitar os faróis não é só isso, toda a envolvência ambiental, todas as paisagens marinhas e terrestres, todo o silencio, do ruido do mar que envolve a maioria dos faróis, principalmente dos que se encontram nos locais mais inóspitos, à beira de escarpas, que nos levam a subir e descer montanhas à beira de precipícios, nas mais diversas condições atmosféricas, com chuva, nevoeiro, vento, algumas vezes em estradas estreitas onde mal cabe um automóvel, e por fim algumas vezes ainda temos de caminhar, subir a um monte ou ainda ter de arranjar um barco que nos leve a um farol que não está acessível por terra, tudo isto tem muito de aventura, tem muito de prazer, tudo isto termina e acaba à beira mar, o tal mar que amamos.
Maravilhamo-nos com belas paisagens verdes que começam e acabam no mar, com as raposas, coelhos, aves, nomeadamente as enormes aves de rapina que habitam as florestas e as falésias abruptas por onde passamos. Maravilha-nos toda a fauna e a flora, as flores de muitas e belas cores, as florestas frondosas, e até mesmo as vacas, cavalos, cabras e ovelhas que pastam vagarosa e livremente em encantadores prados verdes.
Na realidade, o mar e a terra podem viver em simbiose, da terra vem a fertilização dos mares que “aduba” o alimento necessário que mantém vivos todos os habitats marinhos, que mantém vivo o mar de onde veio a vida. Sim, porque a vida nasceu no mar e sem mar não há vida neste planeta a que chamamos Terra.
Como já anteriormente referimos, nesta viagem não descoramos a cultura e também não descoramos a gastronomia das diversas regiões de Espanha, por onde passámos. Em abono da verdade, devido às vezes que por lá temos andado, nem tudo é novidade, as morcelas, os queijos, a sopa castelhana, os vinhos de Burgos, as muitas e variadas tostadas, as tapas, o polvo, os ovos rotos, o presunto, os mariscos de toda a costa (percebes, ameijoa, lingueirão, mexilhão, berbigão, vieiras, santolas, sapateiras, lavagante, ouriços, lagostins, etc…) os peixes, robalo (lubina em castelhano) tamboril (r**e em castelhano) goraz (erradamente chamado de besugo em castelhano) linguado, pescada ( merluza em castelhano) e as anchovas do cantábrico em conserva, uma verdadeira iguaria. Os vinhos brancos, verdes, tintos e as sidras, verdadeiro sumo fermentado de maçã, que tão bem acompanham os cachopos.
Uma aventura, a nossa aventura que correu bem, nove dias tendo o MAR COMO HORIZONTE I OS FARÓIS COMO OBJECTIVO.
“E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir correr o mundo e partir,” (Xutos & Pontapés)
Vontades que são constantes.
António de Lemos e Ana de Lemos
Notas:
*faros em castelhano
Em pequenos artigos já previstos daremos nota de alguns monumentos que fotografámos nos portos e em cidades, bem como curiosidades referentes aos portos que visitámos em toda a costa.
Efectuámos 1654 fotografias e vamos publicar algumas. Todas as fotografias são da autoria de António de Lemos.