17/04/2023
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Lado certo? Qual é o lado certo?
Por Pimpinela Escarlate
17/04/23
O “X” da questão está na perspetiva. As nossas ideias ou noções da realidade proveem da subjetividade individual e difere diante da sua cultura, educação acadêmica, meio e está relacionada com a moral, isto é; condicionada ao que é certo ou errado naquele grupo, pois depende da sociedade em que está inserida.
Desta forma, podemos definir que; de maneira em geral, a perspetiva nada mais é do que a forma de ver as questões e, está diretamente relacionada/influenciada com as experiências pessoais, personalidade, educação e cultura do indivíduo, além da sociedade a que este pertence.
Com este conceito definido, na minha opinião, coloco aqui a frase de José Saramago relevante ao segmento dos meus pensamentos (observo são meus pensamentos, algo muito pessoal e não uma verdade absoluta):
“Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.” José Saramago
Neste sentido contextualizo o termo “colonização”, tornar colonia, dominar territórios da mente de outrem, explorar seus recursos – escravizá-lo aos interesses de suas próprias expetativas. Indo mais longe, se Descartes disse: “Penso, logo existo.”, a estes colonizados é negada a sua existência, pois “… não pensam, logo não existem”. Assim sendo, permitem-se serem subjugados na certeza de que assim fazem parte de alguma coisa, mesmo que esta coisa seja um rebanho. Seguem o fluxo, seguem o líder.
Isso não é democracia, é qualquer outra forma de governança, mas não é ser democrata. Também, não é democrático obrigar todos a pensarem, ou agirem da mesma forma, de maneira unanime, pois, como muitos estudiosos do tema afirmam, a democracia é a forma política de governar regida pela maioria, com respeito as diferenças das minorias. Em outras palavras, essas minorias não podem ser subjugadas, nem desrespeitadas agressivamente, inclusive na condição de censura. Todos tem direito á opinião, e todos temos o dever de respeitar as opiniões, ainda que não concordemos com elas.
No momento em que estes indivíduos são cassados, censurados, alijados, cancelados, entre tantas outras ações pejorativas neste sentido, só por que pensam, agem, tem metas ou valores diferentes ou até mesmo contraditórios a esta “maioria”, deixa de existir a democracia, já que não existe uma democracia relativa!
Noutro sentido, também cabe diferenciar, que o ponto de vista depende de quem narra a história, e a perspetiva de como é feita esta narrativa. Isto é, numa divergência de pensamentos, numa discórdia de condutas, num conflito de maneira em geral sempre existirão dois pontos de vistas e consequentemente duas perspetivas diferentes.
A diferenciação entre o certo e o errado é relativa a “como” e “quem”, mas a democracia não é relativa, é absoluta no respeito! Pois, o poder democrático está baseado no respeito aos legítimos valores que sustentam este conceito.
Qual é o lado certo? Se hoje só temos uma perspetiva através de vários pontos de vista, que evidenciam os mesmos argumentos, num contexto ativista que se locupleta. Não, só censurando noticias reais dispares dos interesses desta sociedade, como também jogam na fogueira quem quer saber mais, tomar opinião própria sem a condução de pensamento, ou sem permitir colonizar-se.
Hoje é tudo binário, não permitem o meio termo, ou uma terceira via de resposta, um novo ponto de vista, uma variável ou casualidade. Não! Se não está comigo, está contra mim. Virou inimigo, acabaram-se os rivais, os concorrentes, as competições, os adversários, os antagonistas, os contrários, os oponentes, entre outros que eu poderia continuar a listar aqui.
Os debates, embates, confrontos e enfrentamentos tão democráticos na defesa de opinião, tornaram-se lutas agressivas, que virarão guerras! Guerra pessoal, guerra civil, guerra política, guerra militar! E, isso é para se lamentar!