03/12/2024
O LOGRO DA REPRESENTATIVIDADE PORTUGUESA NAS INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS
A Língua Portuguesa é originária da grande família das línguas indo-europeias, através por via do Itálico e do Latim, tronco comum de tantas outras como o Castelhano, Catalão, Provençal, Francês, Italiano, Sardo e os Falares reto-românicas; sendo enriquecida na sua expansão geográfica no decurso da Idade Moderna e no estabelecimento de inúmeras Comunidades Lusófonas disseminadas pelos quatro cantos do Mundo, tornando-se uma língua de expressão global.
A Língua Portuguesa adquiriu a condição de Pátria Cultural, e como tal, exige o desenvolvimento de uma Política Cultural no sentido de identificar, fomentar e dignificar esse estatuto como um espaço geo-linguístico onde a diversidade ortográfica, e outras, se esbatem; e, facilitar o intercâmbio cultural e a difusão didáctica da Língua Portuguesa.
O Português é uma das línguas oficiais do Mercosul, da União de Nações Sul-Americanas, da Organização dos Estados Americanos, da União Africana, dos Países Lusófonos e da União Europeia, adquiriu uma maior predominância no plano internacional.
Com a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, onde se reúnem, além dos Estados Membros Plenos e Efectivos, dezanove Estados Observadores Associados, a Língua Portuguesa alcança um papel de tal modo atractivo que o meio diplomático e empresarial internacional adere actualmente à sua aprendizagem, conscientes da sua crescente relevância geopolítica e económica.
Por tal, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) ratificou o dia 5 de Maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Quais são os principais desafios da Língua Portuguesa?
Podem identificar-se as seguintes problemáticas que urge solucionar: os acordos ortográficos unilaterais e extravagantes; a adesão de países lusófonos a instituições promotoras de línguas estrangeiras; a utilização sistemática de estrangeirismos na comunicação empresarial, social e outras de igual relevo; o inequívoco uso da Língua Portuguesa em contexto de representação lusófona de carácter oficial, institucional em outros países; e, acima de tudo a obrigatoriedade do uso da Língua Portuguesa por todos os representantes oficiais e institucionais do Estado Português.
O que deve, então, ser feito?
Como atrás referido, desenvolver uma Política Cultural, onde, entre outras acções, se deve criar uma Marca Lusófona de base linguística, organizando um Encontro Global de Língua Portuguesa.
O logro da representatividade Portuguesa nas Institucionais Internacionais.
A Língua Portuguesa é uma das línguas oficiais da União Europeia desde 1986, e representa cerca de 3% da sua população, com mais de 260 milhões de pessoas falantes de Português no mundo. Presente em 5 continentes, o Português é a quarta língua mais falada mundo. No hemisfério sul, é a primeira. Estima-se que, em 2050, quase 400 milhões de pessoas falem Português.
Na sequência da cerimónia de apresentação de António Costa como presidente do Conselho Europeu, foi aclamado como o primeiro Português a assumir a liderança desta instituição, e como um antigo defensor do acordo comercial entre o bloco e o Mercosul. É, deste modo, que os órgãos de comunicação social divulgam e promovem os titulares de altos cargos internacionais com nacionalidade Portuguesa, como se fora um dado adquirido para a retribuição imediata a Portugal de algum mérito ou dádiva divina, mas que, geralmente, se revela uma simples miragem… Não obstante Portugal ser o único país a ter alcançado a liderança do Conselho Europeu, da Comissão Europeia e das Nações Unidas, essa conjunção de oportunidades para a promoção e elevação da Língua Portuguesa tem sido paulatinamente gorada, e, por exemplo, nas Nações unidas nem sequer é uma língua oficial das Nações Unidas, onde António Guterres é o secretário-geral.
António Costa, que já declarou o Português uma “língua para o futuro” e um “instrumento privilegiado” para a globalização, aquando da instituição do Dia Mundial da Língua Portuguesa, deveria mostrar a sua coragem política e, sobretudo, orgulho nacional, ao discursar pela primeira vez, na qualidade de Presidente do Conselho Europeu, usando a Língua Portuguesa, legitimado pela sua posição de Língua Oficial da União Europeia, de prestígio e de maior eficácia para o diálogo com a Mercosul. Seria esta a sua primeira grande marca e preciosa alavanca para o reconhecimento merecido da Língua Portuguesa na Política Europeia e Internacional; e, que encontraria junto dos Portugueses um sinal de admiração e de reconhecimento. Preferiu alinhar pelo óbvio, como é seu apanágio, usando a Língua Inglesa, de um modo que não o dignificou pela inenarrável e incompreensível pronúncia, deixando uma percepção de uma falta de cuidado com a sua imagem e comunicação. A audição daquele discurso é, a todos os níveis, horrível e de uma atroz falta de qualidade, que parece confirmar que padecerá de surdez selectiva ou que é servido no seu gabinete por inconspícuos bajuladores.
Da minha língua vê-se o mar.
Tenhamos como exemplo Vergílio Ferreira quando, em 1991, na cerimónia onde recebeu o Prémio Europália, em Bruxelas, e aí defendeu que a Língua Portuguesa é o reflexo da Cultura do Povo Português:
“O orgulho não é um exclusivo dos grandes países, porque ele não tem que ver com a extensão de um território, mas com a extensão da alma que o preencheu. A alma do meu país teve o tamanho do mundo. Estamos celebrando a gesta dos Portugueses nos seus descobrimentos. Será decerto a altura de a Europa celebrar também o que deles projectou na extraordinária revolução da sua cultura. Uma língua é o lugar donde se vê o mundo e de ser nela pensamento e sensibilidade. Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi o apelo que ia de nós. E foi nessa consubstanciação que um novo espírito se formou, como foi outro o espírito da Europa inteira na reconversão total das suas evidências.”
«A Voz do Mar», in Espaço do Invisível 5, Lisboa, Bertrand, 1999, pp. 83-84
João Micael
Presidente da Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento
Director da Academia de Protocolo
de Protocolo
https://eurocid.mne.gov.pt/ue-lusofonia/enquadramento
https://mag.sapo.pt/showbiz/artigos/antonio-costa-destaca-lingua-portuguesa-como-instrumento-privilegiado-da-globalizacao #:~:text=O%20primeiro-ministro%20de%20Portugal%2C%20Ant%C3%B3nio%20Costa%2C%20considerou%20hoje,L%C3%ADngua%20Portuguesa%20que%20se%20assinala%20pela%20primeira%20vez.