29/10/2024
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Foi com estupefação que a ARP - Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros, que representa a maioria das empresas de autocarros de turismo de país – recebeu esta manhã o cancelamento da reunião agendada com a Câmara Municipal do Porto para a tarde de hoje mesmo.
Eticamente não se cancela uma reunião do conhecimento público e mediatizada a poucas horas de acontecer e muito menos, tendo por base supostas razões expressas na comunicação social vários dias antes.
Per si a situação demonstra a forma autocrática como a CMP gere a relação com as empresas, associações e a cidade.
Lamentamos, por isso, que o nosso alerta de movimentos de descontentamento fora da esfera associativa, gerados nas redes sociais, por causa do novo regulamento de circulação de veículos turísticos na cidade, sejam apelidados de forma incompreensível de sequestro da cidade, o que só pode ser equívoco ou profundo desconhecimento, o que é grave, não dando sequer oportunidade de reunirmos e esclarecermos dúvidas ou supostas tomadas de posição.
Somos desde o primeiro momento, e seremos sempre, a favor do diálogo e da construção de pontes e entendimentos, como referido na última entrevista a um canal de televisão do Porto.
Somos completamente – como informado à autarquia desde o primeiro momento – a favor da regulamentação da circulação rodoviária no centro da cidade. Não apenas dos autocarros turísticos, mas também dos veículos ligeiros.
Não ameaçamos nem impomos. Sugerimos soluções e formas de atuação com base na nossa experiência internacional na mobilidade de autocarros de turismo nos centros das cidades europeias, algo que a CMP não estudou, criando o seu modelo de raiz sem verificar as boas práticas, experiência e evolução de modelos de várias cidades, onde o controlo de acesso de autocarros é efetuado desde o ano 2000.
O Porto não é Paris e, por isso, não tem uma entrada de 400 autocarros de turismo diariamente, como adiantado pela CMP (notar que a STCP tem um total de cerca de 475 autocarros e circula nas ruas do Porto sem as bloquear). No Porto estima-se que entrem diariamente, na época turística, cerca de 40 autocarros (excluindo atividades de caráter excecional e pontual como eventos escolares ou desportivos). Este fator crucial denota um profundo desconhecimento e desvirtuar da realidade.
Representamos empresas de autocarros com frotas de última geração e amigas do ambiente e transportamos entre outros as crianças, as empresas e os turistas que nos visitam, muitos destes oriundos das mais diversas partes do planeta e que chegados à Invicta não podem aceder a restaurantes, hotéis, áreas comerciais e culturais do centro da cidade, por imposição camarária.
Sim, porque o regulamento imposto pela autarquia veda por completo o acesso dos autocarros de turismo entre as 08h00/10h00 e as 17h00/20h00 (horas-chave na partida e chegada dos grupos turísticos com respetiva bagagens aos hotéis) e limita a 20 autocarros diários, reservados por mail muitas vezes com resposta pós data!, até 20 dias de antecedência da chegada do grupo.
Sim, porque o regulamento não contempla o simples transporte de um grupo do aeroporto para o seu hotel no centro da cidade, nem a possibilidade do cancelamento de um voo no aeroporto do Porto e a necessidade de alojar nos hotéis centrais à última hora várias dezenas de passageiros… que terão por isso que vir em dezenas de táxis em vez de em 3 ou 4 autocarros.
Sim, porque quando viajamos sozinhos usamos de forma natural e até prática os transportes públicos, mas quando viajamos em grupo, muitas das vezes vindos do outro lado do mundo, com bagagem maior, usamos os autocarros de turismo, contratamos os serviços de um operador turístico, hotéis, restaurantes, guias, monumentos e serviços de valor acrescentado que contribuem positivamente para a economia local e deixam uma pegada ecológica menor que o turismo desregulado, que não consome na economia local e que não controlamos.
Com a imposição unilateral de restrição à circulação de autocarros de turismo sem auscultar devidamente todos os players, a CMP coloca em risco o investimento de milhões de Euros do erário público em promoção turística do destino Portugal e em particular do Porto, potenciando o turismo desregulado e anárquico com graves prejuízos para a cidade e para os portuenses, em detrimento do turismo organizado.
Com a entrada em funcionamento do atual regulamento nos modos atuais, enfrentamos já cancelamentos para 2025 e pedidos de esclarecimento por parte dos operadores turísticos nacionais e internacionais, tendo forçosamente esta situação uma implicação negativa na imagem do Porto e na economia local.
O Porto não é Paris e a perda da cidade de circuitos de grupos turísticos é algo presente no horizonte.
A bem da cidade, consideramos que o dialogo não pode ser posto de lado.
Porto, 29 de outubro de 2024
A Direção da ARP